PARÁ. Governador. Relatorios da estrada de ferro de Bragança: sua reconstrução e Estrada de ferro de Tocantins.Pará: Officnas graphicas do Instituto Lauro Sodré, 1926. 161 p.

10 tem corrido celere, na representação do papel que lhe foi dado desem– penhar, entrando a Estrada ha trinta annos numa zona em matta que desenvolveu ao ponto de, ao cabo d'esse mesmo tempo, a mesma zona produzi!' o sufficiente para manter o seu custeio ! Mas isto nào basta. O material da Estrada tem tambern o seu cyclo de existencia. Será preciso substituil-o constantemente e o Esta– do não poderá, de agora em cteante, omittir a Estrada da sua meza or– çamentaria para respectiva acquisição dos materiaes imprescindíveis á sua manutenção, se não for mistér attender ainda peso maior com a re– nova ção do mesmo material, quando se lhe fizer necessaria, ou seja pela acquisição de outras unidades para o trafego e locomoção, ou seja pela substituição das unidades existentes quando, ao seu tempo, já não fo. rem mais passiveis de concertos. O Estado, cercado por estas contingencias, sob a acção de uma fiscalização que terá que acompanhar a evolução da Estrada, hoje su– bordinada a um contracto severo pelo qual, alienado o bem do patri·· monio do Estado e dado ao mesmo em arrendamento,'-sómente a elle cabe obrigações e onus, sem que lhe assista ao menos o direito de applicar os fructos de sua administração, em beneficio da propria Es– trada, tendo antes que dividil os, quando os tiver, com a parte con– tractante-é minha opinião que a Estrada de Ferro de Bragança será durante toda a vigencia do seu contracto apenas um pesadello cons~ tante para o Estado. Este, sem poder contar com os auxílios demorados que a União lhe poderá prestar e que, quando obtidos, o são sempre ao cabo de uma passagem morosa nas engrenagens da Administração federal, tam– bem não poderá esperal-os indefinidamente para acudir trabalhos que exigem immediatas providencias. E disso, de futuro, resultarão diffi– culdades a vencer, que não serão pequenas, e o organismo financeiro ·do Estado, que lentamente se refaz, não terá forças para transpol-as,. deixando o proprio Governo numa situação de desespero, depois de ter experimentado todas as affücções que causam a impossibilidade de um cumprimento de obrigações-aliás de um contracto que não dá ao Governo sequer a regalia de dispor de uma passagem, senão median– te o respectivo pagamento. Não se devem fazer illusões a respeito. Consoante isto, é obrigação prever, meditar e desde já procu- _ rar-se uma outra solução para a Estrada, que seja mais consentanea com os interesses do E stado e as suas possibilidades, afim de se agir em defesa futura de um «bem» que, embora tendo que ficar por qual– quer forma ali enado, ctell e não se alienará o nosso apego, porque a Estrada de Ferro de Brag ança será sempre um pedaço da alma pa– raense. E a solução, a meu ver, seria conjugar todos os esforços no sen– tido de rehavei-a, buscando-se desde logo as auctorizações necessarias, tanto do Estrdo como da União, afim de se tentar uma operação de credito donde resultassem não só recursos para indemnisal-a ao Gover– no Federal, além de outros beneficios no numero dos quaes se conta– ria a despreoccupação que sentiria o Estado pela sorte futura da Es– trada. Quando disse que não se deve 'fazer illusões sobre os possíveis atropelos que advirão ao Estado e á Estrada, em face do seu contra- • cto ou em presença da confiança demasiada nos auxílios da União, é porque ainda não passaram as diffic.uldades que atravessa a sua Re– construcção, pela forma lenta como lhe tem sido entregue parte dos

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