Relatorio apresentado ao Sr. Secretario de obras publicas, terras e viação

-Io8- Convem nocar que grande parte d'esses devedores não são pes– soas desfavorecidas da fortuna, mas sim propagandistas do consumo d'agua gratuito. Se consultardes as tolhas remettidas ao thesouro, ahi encontrareis muitos nomes de medicas, advogados que occupam posi– ções eminentes na nossa sociedade. Para pôr um termo a este abuso, infelizmP.nt<i já inveterado, man– dei proceder judicialmente contra os recalcitrantes que não quizeram attender o chamado feito por memoranda para virem saldar os seus debitas. A procuradoria fisçal deliberou que seria mais conveniente e~trahir primeiro todac:; as contas atrazadas para facilitar o seu ser– viço. Apezar de todo o esforço empregado, a extracção de contas atra– zadas ainda não está concluída por falta de pessoal. Mesmo depois da cobrança feita na repartição, as contas inco– braveis ainda são muito elevadas; no primeiro semestre de 1901 ellas excederam a quantia de 10.995:000 rs. (1664 contas). Consumo d'agua Não é passivei fazer uma apreciação exacta do volume d'agua pago, realmente consumido, porque a mór parte dos predios não estão dotados de hydrometros em bom estado e por ser enorme o consumo gratuito (o grande obstaettlo ao arrendamento do serviço de aguas). Pelos annexos ns. ro e 1 I vereis o numero de repartições pu– blicas, federaes, estadnaes, municipaes e associações particülares que gosam o abastecimento d'agua gratuito. Antes da conc:;trucção dos hospitaes de amarellentos, de vario– l~sos, do asylo de mendicidade, dos jardins da praça frei Caetano Brandão, praça da Independencia, largo da Trindade, praça Baptist:i Campos e do bosque municipal, o consumo d'agua gratuito já era enorme, a julgar pelo relatorio do sr. inspector das aguas, apresentado ao dr. Governador do Estado em Dezembro de 1897, onde lê-se: « O consumo total medio e gratuito d'agua em o período de 1º « de Julho de r896 á 30 de Junho de 1897 attingiu a respeitavel quan– cc tidade de noventa e um milhões de litros. « Avaliaremos em quinze milhões de litros o consumo munici– cc pal, por não termos hydrometros para contai-o, consumo esse relativo cc aos cinco chafarizes publicas, ás 75 .torneiras dos tres jardins e quatro cc mictorios, e pelo mesmo motivo, suppondo, o <i.Ue fica aquem de ver– cc dade, o gasto diario de uma fonte publica em quinze mil litros, esti– ce maremos em dusentos e setenta milhões de litros o consumo annual cc das cincoenta fontes publicas. O consumo tambem gratuito, das experiencias do corpo de bom– « beiras e exame das boccas de incendio, podemos estimar em um mi– ce lhão de litros por anno.

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