Relatorio com que o excellentissimo senhor vice - almirante e conselheiro de guerra Joaquim Raymundo de Lamare passou a administração da Provincia do Gram - Pará ao excellentissimo senho Visconde de Array 1° vice presidente em 6 de agosto de 1868. Pará: Typographia do Diario do Gram Para, 1868. 50 p.
-- 5 Vái-se fortificando cada vez mais a crença d-e que não é nas fratricidas lutas de uma politica odienta, nem nos anarchicos systemas de opposição e desrespei– to ao principio da autoridade, que pode achar fundamento o progresso material e moral de um povo, que encontra no espirito essencialmente livre de suas insti– tuições, garantia sufficiente aos seus direitos e interesses, sem que lhe pareça dura nem oppressiva a acção da autoridade. A quadra critica que atr avessamos, tanto mais vexatoria em geral para a população, quanto maiores os sacrificios que ele todo o cidadão exige a patria á braços com uma guerra já tão prolongada, torna ainda mais louvavel o apego da população da Provincia aos seus habitos pacificos, que tanto a ennobrecem e devem encher de ufania. Seg111•anf,'a. individual e de prop1•iedade.-Não posso deixar de admi– rar a segurança individual e de propriedade que se goza nesta Capital, . devido isto não tanto á vigilancia da Policia, tanto mais digna de elogio, quanto mais l limitados são os recursos de que dispõe, como tambem, e principalme! 1.te á boa in<!9le.JJJJ....p,opulação em ge ·al, e ao estado de in_CQ!)-_testaverprosperidaae relativa e d~ abundancia em que vivem as classes proletariâs. Escaceando consideravelmente o numero de braços escravos, e encareceu- j do d@scom~un-;,lmerite Ô tràDa1ho, é do i1~t~resse de to'dos chamar á occupações uteis essa grande parte da população, cuja crassa ociosidade não pode deixar de ser perniciosa, e que por sua parte vai encontrando no viver de um trabalho honesto e bem recompensado mais commodidade, segurança e nobreza do que na culpavel e improficua indolencia á que o habito a condemnava. Os habitos de trabalho, ele ordem, ele vida commocla e o amor á propriedade encontrão um valente obice no ardor elo clima, na facilidade de viver, e, direi mesmo, no -aviltamepto_que ao trabalho trouxe o emprego de braço§ e cravos. As classes proletarias conduzem-se regularmente, mas distinguem-se pela indol~JJ.cia, imprevidencia e deleixo. Só trabalhão quando precisão; e, em quanto lhes durão os meios de vi~escanção e divertem--se. Na vida da pesca e das conducções pelos innumeros rios. foros e igarapés que cortão a vasta extensão desta Pro,-incia em todas a direcções, encontra a popu– lação quasi geral e pobre o maior attracfo~o, pois que nada soffrendo de rigor equatorial das estações, acha n'essa vida o ocio misturado com a distracção e um tom de independencia que seduz. V ai, porém, o progresso na segurança individual n'uma proporção bastante animadora. O numero dos crimes graves que teem chegado ao conhecimento ela policia, durante o anno ele 1867, já é muito maior do que os dos annos anteriores, por serem mais exactas as informações ultimas. E' assim que, tendo-se commettido em 1866 vinte e um crimes, em 1867 subio o seo numero á vinte e noye, como se Yê do quadro seguinte. Não existindo na Secretaria o rol dos culpados, não podião ser exactas as informações ácerca dos crimes commettidos na Provincia, ao passo que sob a administração do intelligente e zeloso ~Iagistrado que, em Fevereiro do corrente anno, tomando conta da Chefatura de Policia, estabeleceo na respectiYa secreta– ria um rol exacto de todos os crimes perpetrados na Província, e exigio de toàas as autoridades criminaes a communicação immecliata e minuciosa de todos os réos pronunciados e á medida que erão proferidos os respectiYo despachos de pronuncia, já se p6de ter uma ideia exacta dos crimes. A' essas providencias elo actual Chefe ele Policia é que se deve attribuir ap– parecer 11.0 quadro seguinte o numero de 7 6 crimes perpetrados só no primeiro semestre elo corrente anno,
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