Relatório apresentado ao Governo do Estado Exm° Sr° Dr. Augusto Montenegro pelo Dr. José Paes de Carvalho ao deixar a administração em 1° de fevereiro de 1901. Belém: Imprensa Official, 1901. 123 p.

-17- ..___ Se assim fosse, represenlando a renda em ouro uma quantia certa, qualquer que fosse o seu equivalente em papel, a alta cambial, trazendo uma reclncção em papel moeda no orça– mento da despesa, o equilibrio continuaria a dar-se Isto, porém, não succedeu e por isso o systema não poude completamente resistir. Entre nós a crise do Thesouro não é originada pela alla cambial, é uma consequencia da crise economica e nro-n-c~a que a praça atravessa e a ella está inteiramente ligaria. A nossa producção diminuiu, a borracha desceu de preço nos mercados extrangeiros. Como, pois, não se dar o dcsequilibrio orçamentaria ? Não ha processo orçamenlario que possa evitar ma– les que não são de naturPza orçamentaria. Até hoje, apezar dos mil artificias, sempre empregados com resultado negati– vo, a sciencia financeira só aponta os impostos e os empres– timos, como os meios de augrnentar os recursos orçamenta– rias. E111 paizes de urna vasta teia de imposições, um melhor arranjo no lançamento das taxas pode trazer recursos abundantes; entre nós, porém, que possuímos somente, por assim dizer, o imposto de exportação sobre a borracha, e este mesmo já bastante pesado, corno procurar no alargamento ou modificação do imposto os meios de que tanto carece– mos? Resta-nos o emprestimo para o qual forçosamente tere– mos que appellar e para que elle corresponda aos nossos in– tuitos e satisfoça as exigencias da sitüação é preciso que seja feito no exterior. Sua realização, longe de ser um gravame, no momento actual vem não só demonstrar a elasticidade do systen1a or– çamentaria que adaptamos, corno lambem redundará em breve em real beneficio para o proprio orçamento. Dada a alta cambial naturalmente esperada pelos que seguem com attenç:10 os esforços empregados pelo GoYerno Federal para · melhorar a situação geral do paiz. os encargos de um em– prestimo externo se reduzirão, acompanhà11do a queda da receita destinada ao seu serviço, de modo que este continuará plenamente garantido. Para que, porem, esse empreslimo seja realmente pro– ficuo, é preci~o que elle seja um Hem de um vasto program– ma financeir~ que me permilto indicar em linhas geraes. Em primeiro Jogar urge que o producto do emprestimo seja empregado em obras productivas que augmentem indi– rectamente as nossas forças orçnrnenlarias, Não devemos .

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