Revista do Ensino - v.1, n.6, 15 fev 1912
li REVIST DO ENSINO 363 mentação, que elles suppõem o apoio primacial da doutrina . Tal, por ém, não se dá. A exp erimen tação, por mais fa ci1, tem sido mais ampla– men te u tilizada, com o fito de mostr ar, pratieamente, que uma dada espécie, em condições p ar ticuJ m·es de meio e de cultura, pode modificar-se, transformar-se, a ponto de p arecer uma esp écie inteiramen te nova. I sso é apenas uma pequeua face elo phenómeno, pois não é possível, no estado actu al do pla– neta, forg icar artifi cialmente as circumstáncias de aspecto e de tempo, infinitamente variadas, da sua vida geológ ica e cósmica. O arg umen to mais podero o do transformi smo é jus ta– men te dado p elo méthodo da comparação, considerado pelo gônio de Comte como o mais próprio á Biolog ia sob o ponto de v is ta philosóphico. Quando se es tuda comparativamente os diversos animaes que compõem um mesmo grupo, verifü,a- se que o plano geral de sua organização é idên tico em todos . Os mesmos órgãos encon tr am-se na mesma &it uacão r elativa, e constituídos pelas mesmas p ar tes di spostas n a mesma ordem. E ssa identi dade de plano, per cebida por Cnvier, foi desve ndada principalmente p or Geoffroy Sain t-Hil aire, que fe z d 'abi o ponto de p artida de sua theoria el a unielaele ele ptano ele composição. A p arecença n ão es tá somente na grossa anatomia , isto é n a presença de órgãos homólogos, collocados e constituídos da mesma maneira nos d iver sos animaes. A hi stologia veri– fica a mesma coisa quando es tuda a intimidade dos tecidos : n ão h a mane ira de distinguir, pela es tructura, o tecido ósseo do cão ou do macaco, do tecido ósseo do carn eiro, ou do ho– mem. A pbys iolog ia é, por sua p arte, idêntica, e um acto di– ges tivo ou r espiratório em dado _animal não diff~r e essencial– mente do de ouh·o. A embryolog1a traz ao transformi smo um amontoado ele factos p robantes : primeiramente, todo animal tem por orige.!11 um ovo, simples céllula, que dá, em· se divi– dindo, um embryão pluricellular; em segundo logar, compa– r ando, em vária phase, os embeyões de espécies parecidas, não se consegue dis ting uir entre elles, differençando-se niti– d amente só quando já próximos do es tado fetal. A paleontolo– g ia, es tudando anirnaes fo~seis, permittiu comparar as fórma s actuaes com as desapparec1das, e descobrir entre ellas homolo– g ias e analogias. Há, como se sabe, entre duas espécies, ou classes próximas, um ponto extremo, em que o animal ou a --
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