Revista do Ensino - v.1, n.6, 15 fev 1912
394 REVISTA DO ENSINO ·A ARTE, A NATUREZA E A GRAÇA Supposto pois que não só aos Ecclesiásticos, senam tam– bem aos seculares, nam só aos homens, senam tambem ás mu– lheres, pertence, ou de charid ade, ou de justi ça ou de am?as estas obrigaçoens ensinar a Fé e a Ley de Christo aos Gentros, e novos Christãos n aturaes des t.1s terras, em qu e vivemos, cada hum conforme seu es t<1do; nam h aja de hoj e em di ante, com.ª graça do Espírito Santo, quem se n am fa ça di scípulo deste di– vino, e soberano Mestr e, para o poder ser ao menos dos seus escravos. Os que sabeis a língua, tereis mayor facilidade i os que a não sabeis ,, t er eis mayor mer ecim ento. E huns , e outros , ou por nós mesmos ( que sempre será o melhor ) ou por outrem, vos deveis applicar a este tão Ch ristão e tão devido exercício , com tal deligéncia, e cuidado, que nenhum falte com o pasto neces– sário da doutrina ás poucas ou muitas ovelhinhas de Chri sto, que o ~enbor lhes tiver encommencl adas , pois todos nesta Con9uiS t a sois Pasto~·es, ou guardadores deste g rande P astor. Muitos 0 fazem, assim com grande zelo , Ohristandade, e edificação , mas he bem que o fação todos. E ninguem se escuze (como escuzão al o·uns) com a ru– deza da gente~como asima dizíamos, que são 0 p edras, que sã? troncos, que sao brutos animaes, porque ainda que verdadei– ramente al guns o sejão, ou o pareção, a indústria , e a graça tudo vence, e de brutos , e de troncos e de pedras os fará homens. ' Dizey-me, qual he mais poderosa, a graça ou a natureza ? A graça, ou a arte? P_ois O que faz a ar te, e a natureza porque havemos de desconfiar que O f ' m ustr1a? · d, . ' aça a graça de Deos acomp anhad a da vossa Concedovos qu t I . • a d · ' e es e nd10 bárbaro e rude seJa hum f eá ~a :hvede o que fa z em huma pedra a a;te. Arranca o Esta- UdI IO . uma pedra dessas mõtanhas tosca bruta dura informe, e op31s que debastou o mais g rosso to;na o n;aço ~ o cinzel na mao, e começa a fo b ' ' b d . rrnar um homem primeiro membro ª mem ro, e epo1s fei . ' dA alhe os cabellos l' Çam por feição até a mais miuda: on e– n ariz abrelhe a'; isalhe ª te s t a, r asgalne os olhos, afilalhe 0 estendelhe os braç~~a, avultalhe as faces, torn êalhe o pescoço, ' empalmalhe as mãos, dividelhe os dedos,
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