Revista do Ensino - v.1, n.6, 15 fev 1912
374 REVISTA DO E NSI NO olhares da preza que espreitam. Assim vemos o urso polar se distinguir entre os da sua espécie, pela sua vestidura branca; a lebre da América do Norte, quo hn.b ita as regiões de neves etern as, é completamente branca ; e, o que mais vem confirmar a nos$a sup posição , é que innúmeros animaes, cujo pello é mais ou menos escu ro na es tação do calôr, revestem- se, no in– verno, de cô res claras, g raças ás qnaes se confund em ell es com o ambiente cm que vivem. Assim o arminho branco t ra z de ve l'ão um pello escuro que muda inte iramente de invern o : torna- se então comple tamente bra nco, com excepção da extremid arle da cauda, que é sempre negra. - Pocler- se-ia obj ectar qne numerosos animaes h abitando pa íses fri os, conservílm a sua mesma côr escura o anno inteiro. "\-Vallace observa judiciosamente qu e neste caso, é muito provavel a mudança. de côr lhes não ser da monor utili– dade. A marta por exemplo, que vive nas re~ iões g lácidas da S ibéria e da Rússia, conserva sempre o seu pello pardo duma belle,m in comparavel: os h ábitos desae animal bastam a expl icar o seu instio cto conservador: alimen– ta- se ell e de favas e fru tos, e tal é a sua ag ilidad e que pode car,ar passá– ros pelas árvores. Se bem que sómente fall,1ssemos a té agora das côres protecto ·a _ dos mamí fe ros, é preciso níLo e qnecer que ellDs são tnmbem mni vul o-a res nos outros g rupos de a nimMs ; rolataremos alguns d~s mai s no táveis ~xemplos : en tre os pássai·?~ encontra~os o L aJópede, que tem de verão uma plumagem que se h armoniza ele tal forma com as pedras c!lber ta s de lích ens, no meio das quaes de profcréncia permanece, qu e podemos passar junto •a um bando dell e , sem nos apercebermos de sua presença. De inverno reves– te- se de plumas brnnc?s, igualmente _ protectô rn ·. Entre O!: rép tek no– temos os lagartos que vivem sobre as arvores, e que são dum verde vivo emquanto que os qne se arrastam sôbre as pedra s scccns ou sôbre os muros' têm uma cô r cio:e!lta par tic.~lar. Na classe do_:i Peixes, vemos os peixe~ chatos como a solm ou a raia tomarem uma cor que lhes permitte de so confundirem com os fundo s arenosos em que vivem. ~ntr~ os i~sec~os, a pro ença da8 côr~~ protectora~ e tão vulgar que se poderia c1tar mfimtos exemplos. Na familia dos Ortbopteros ha casos curi– osos e interessantes. rrodos nós conhecemos a, Ponha-mêsa, cujas asas al em de i:erem verde claro, de fórma a, se confundirem entro a folhagem, têm ainda nervuras salientes que lembram as nervuras das folhas. Quanto aos phasrnos offerecem não sómente côres, mas tambem fórmas exquisit:i.s. Suo ordinaria- 111ente longos e finos, mais ou meno, cy líndricos, e a semelham-se a peda– ços de made ira morta, a galhos seccos- e. a semelhança é tanto mais perfeita que as suas côres acabam ele completar a illusão. Conta Wallace haver en– contrad o, em Bornéo, um desses iusectos inteiramente coberto de excrescên– cias foliáceas verde- claro, o que_ lho dn~a o aspe~to d_e n~ pedaço de páu coberto de qualquer musgo-parasita; e somente apos mmuc10s0 exame se con– venceu de que era véstia natural do insecto, e não musg·o. O mesmo au to r cont..'1.-nos que no Oriente ha uma espécie de Coleópteros que repousam or– dinariamente na ner vura mediana. da folh a, o que Sti parecem tanto com pedaços de excremtmtos de pássaros, que .o uatura1ista hesita em pegai-o. As borboletas offe recem igualmente exemplos muito curiosos de eôres protectoras: Ha uma e pécie, por exemplo, c?mmum no ~rasil, ( Callijona acesta). que so pousa sempre nos tron cos das arvores, e CUJ US ~sas são pin– ta das de tal fórma que, vistas obliquamente, se confundem facilmente com a casca g rossa e esburacada de certas árvores. Un~ exemplo a~nda mais nótavel a n-esenta-nos o K allitna inachis. Esta borboleta vive nas lndia~: uas asas têm ~ralmon te a côr das folhas sêccas ou mortas; as nervuras s1mttlam absolu– famente as de certas folhas.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0