Revista do Ensino - v.1, n.6, 15 fev 1912

REVISTA DO ENSINO 369 se _haver o líquido em chammas solidificado sem cristallizar-se, e por conse– g um~e, com diminui ção de volume, essa diminuição devida á solidificação, sendo mais consideravel que a produzida pelo resfriamento das camadas e~teriores, estas camadas concé n tricas, naturalmente se separaram, e as exte– riores, ainda finas em demazia, nãô se sentindo mais sustentadas necessa– riamente se encolheram, e nrugando-se, p regueando-se, tal qual aco 1 n tece com a casca de uma maçan, cuja polpa interior diminue de volume, ao scccar. Ora, é esta a fórma com que se nos apresentam grande numero de terrenos. Ha pois muita razão em cre r que essas duas causas, que produziam conjunctamente dep ressões e alEwantamentos não cessaram de agir simul– taneamente; uma par te da crosta crista llizava-se emquanto a outra se tor– nava sólida e se encolhia: a massa que permanecia líquida, fi cando ora com– primida, ora ás soltas, em cousequéncia da diminui ção ou do alargamento do seu invólucro, dava Jogar a choqu es que p roduziam deslocações irreg ulares e muitas vezes acompanhadas de erupções de maté rias inflammadas. Não nos pareçam factos extraordiná rios o rompimento e a de formação deste invólucro. Se nos lembra rmos do que dissemos sobre a intens idade do calor central da terra, ach :i remos ,uui to razoave is os ddculos acc<iitos por todos os sábios, e que limitam a 30 kilómetros ma is ou menos a espessura da crosta solidifi cada de nossos dias. Ora 80 ki lometros, relativamente ao ráio ter– restre que e de 5,366 kilómctros, rep resentam uma espessura bem menor que a pellícula inté rior ela casca de um ovo, relativame nte ao SA Ll volnme total. Supponl,amos um g lobo ôco de um metro de diámetro , fabricado com um barro de doí~ rnillímetros e mêio de espessura, chêio de um liquido seis vezes ma is pezado que a ~ig un, e elevado a uma temperatura em compara– <;ão da qarnl a do ferro em brasa nndn é, e ter-se-á uma imagem da consti– tuição actual da Terra. Que deveria então ser quando o invólucro, que o res fri amento conjun– cto tornou s11ccessiva111eute mais espesso, era aínda mais frágil que o actual? Se alg uma coisa b a que nos deva admirar, é que as menores osci llações do líquido interiôr não o tenham feito voar em estilh aços, o que inevitavelmente teria acontecido, se de princípio tivesse a T erra a rigidez que no presente adquiríu, e se O se u estado rnô io pastoso, tornando-a de qualquer fórma fl exível, lhe não permi ttisse de se amoldar, deformando- se, com a violéncia dos choques interi ores que soffria. Acabamos de dizer que a matéria em fusão que occupa a parte central do g lobo era se is vezes mais pesada, que a água. Só poderiamas justificar esta asserçü.o, por me io de longos e difficeis cálculos. E eis quando se desen– volve em toda a sua g randeza o gênio humano, quando se revela tod a a superioridade desses franzinos .Homos que vivem, por um dia, sobre essa fina pellícula que os separa tenuemente dum oceano de fog o! Um desses PYgmeus, Newton, soube descobrir uma lei pela qual, podemos determinar 0 peso da Terra e dos antros planetas, como se fossemos um Deus que os tivessemas suspensos nos rratos de uma balança.

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