Revista do Ensino - v.1, n.6, 15 fev 1912
368 REVISTA DO ENSINO por isso se deu ao seu conjuncto o nome de trias. O pri meiro destes depó– sitos é formado de peclras liozes de variegadas côres, domi.nando porem o cinzento e o amarellado, rajadas de nesgas vermelhas, róseas ou azues, for– mando ás vezes um conjuncto assás agradavel i vista. Vêm depois os calcá– reos ele conchas, quási inteiramente formados dessa maté ria; e temos enfim os margaes, compostos de calcáreo margoso, misturado de argilas esverdea– das, azul adas ou côr de vinho. Da família das conchas que formavam o segundo desses depósitos não existe, nos nn.;sos mares actuaes , seuão um único exemplar-Conhecemos a– penas o náutico ou o argonaiita, cujo irnimal carrega uma incantadora con– cha de madrepérola fluctuante sobre as ondas, como um naviosinho, e ao nadar, estende seus longos braços, que lhe servem ele velas e leme ; mas á menor suspeita de perigo elle todo· se encolhe, e para fug ir á perseguição dos pas– saros do mar, dos quaes seria a prezn, fa z naufrag·ar a brilh ante ~mbarcaçí:'t0 de que é piloto. Alew dos peixes e dos enormes lagartos amphíbios pertencentes ás for– mações anteriores, esse terreno contem as ossattll'as de rãs monstruosas, muitíssimo differentes dns que conhecemos, e que devem de ter feito nessa época, a sua appari çíio no mundo. Até aí não havia existido senão animaes privados de voz, e o coaxar d1Ls ràs, deve de ter sido a primeira música que despertou os écos das montanhas deste mundo tão impe rfe ito ainda. Não precisamos de dizer que as camada~ do novo ten eno so ffreram, por sua vez, quando inteiramente formadas, novo alevautamento, E' esta a marcha natural ela evolução te rres tre, e as leis da natureza são invari av.,is. ALé agora, para evitar de entrar em minúcias supérfluas, attribuimos este phenómeno elos alevan tamentos somente á acção in tes tina do fluido ígneo; e realmente, uas primeiras épocas, o choque das ondas da matéria em fusão con tra as fráge is paredes da crôsta solidificada eleve ele ter sido a causa principal das deslocações que sobrevieram ; uma outra, breve, deve de ter surgido. Qt1asi todas as subst.-\ncias mineraes que, em se solidificando, cristali– zam- se, augmentam de volume : ao contrário disso, o volume das que se não cristrallizam, dimin ue. Todo o mundo sabe que a água, por exemplo, em se congelando, arrebenta, quebra o vaso que a contem, e que a maior parto elos metae:; reduzidos a fusão, cessam, em se solidificando, de encher as fôrmas que enchi am em estado liquido. Na hypóthese da crist.allização das ca madas terrestres que se solidifi~ cavam, o resul tado desta cristall ização foi quebrar-se esse invólucro, da me.s– ma fórma que a água quebra o vriso que a contem. Esta quebra eleve de se haver manifestado por numerosas rachas que seguiam direcções mais ou menos r arallelas. As nossas montanhas são compostas de cadeias parallelas, havendo entre ellas grandes depressões, que se póde, até a certo ponto, considerar como vestíg ios dessas rochas primitivas. Se ao contrario, quisermos suppor
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