Revista do Ensino - v.1, n.5, 15 jan 1912
REVISTA DO ENSINO 301· As mesmas correntes que arrancaram aos terrenos devonianos os ele– mentos destes calcáreo, arrastaram tambem as florestas de fetos e de caval– linas que os cobriam. Taes destroços vegetaes se depositaram necessariamente em camadas, por sobre o lôdo calcáreo. Foram elles que, carbonizados pelas mesmas causas da formação prece– den to haviam produzido as anthracites, e agora se transformaram em hu– lha. As. explosões causadas pela sua combustão, arrebentaram, pulverizaram as rochas circunvisinhantes e formaram dep_ósitos de pedras muito irregulares que tinham geralmente as propriedades da mica: eram cinzentas ou p~rdas, e conhe– cidas pelo nome de hulha. Nessa mesma época se formaram depósitos de schis– tos e de argila. A hulha não apparece neste terreno senão accidentalmente; e isto porque, devido sobretudo á carbonização de plantas e árvores que não haviam sido · arrastadas a grande distáncia, ella deve de se ter formado junto ás ilhas de onde essas árvores haviam sido arrancadas. Encontrámol- a em leitos mais ou me11os espessos, entremeiados de camadas de schistos, das quaes ella sómente é separada por finos sulcos de argila. As iUrns da formação devoniana eram muito mais extensas que as das formações anteriores. Algumas dentrn ellas poderiam até merecer o nome de continentes. J á havia montanhas, e por conseguinte, devia de se en– contrar regatos e ribeiros, e isso nol-o prova e demonstra a rica vegetação que as ornava. Essas águas dôces, as primeiras talvez a correrem pelo globo, não tardaram a se povoarem de molluscos muitíssimo differentes dos molluscos marinhos, e dos quaes se conta diversas· espécies fósseis, todas sem análogas ás que vivem em nossos rios actuaes. Os vapores formados pela erupção das matérias que se inflammaram no fundo do mar, caíram naturalmente em fórma de chuvas torrenciaes sobre os cimos culminantes dessas ilhas, arrazaram as florestas e accumularam- lhes os destroços no i'undo dos lagos. Esses destroços formaram depósitos semelhantes aos das nossas turfeiras, e teriam permanecido provavelmente cm estado de turfa, se grandes fendas se não houvessem aberto, dando caminho a ma. térias porphyricas, que os transíormaram em hulha. Podemos dividir as minas de hulha em duas séries: minas marítimas e minas continentaes. A origem marítima das hulheiras da Inglaterra é evi– dentc-emquanto que os depósitos de hulha, na França, pertencem quási todos á formação lacustre e são caracterizados pela auséncia do calcáreo inferior. Não devemos esquecer de acrescentar que nM hulheiras inglêsas, e em algumas das que possua a Frac.ça, se encon.tra, muitas vezes de mistura com a hulha, uma espécie de mineral, designado pelo nome de ferro carbonatado das hulheiras, que, achando-se assim, no mesmo logar que o combustível offerece á indústria as maiores vantagens. A duração do período de calma que se seguiu ao alevantamento do terreno devoniano deve de ter comprehend.ido um grande número de séculos, porque pelo cálculo do Sr. Elie de Beau~ont, tod~ ? carvão que as nossas florestas actuaes podessem fornecer, formaria no max1mo, na extensão das hulheiras
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