Revista do Ensino - v.1, n.5, 15 jan 1912

REVISTA DO ENSINO 297 mandando-a que falasse. E murmurando ella entre dentes umas semi-palavras bárbaras, que_se não deixávão entender, elle lhe intimou que, se não respondesse claramente, lhe havia de apunhalar o filho diante de seus· olhos. Então se abrio mais · dizendo: -Ai de ti, miseravel! que por obrigar-me a fallar, per– des uma mulher que te estava bem. Comtigo ficava, se permit– tisses que observasse o siléncio que me encarregárão; mas já agora não me verás mais! ... Acabar estas palavras, e desapparecer, desfeita em vento foi o mesmo. Deixa-se á nossa ponderação o , assombro com que este homem ficou e viveu d'alli por diante. Mas do filhinho, que faria? Não quis negai-o por seu, uma vez que em suas acções mostrava não ser fantasma, mas de sua mesma espécie. E' de crer que n'este ponto se aconselha– ria com o mesmo amigo, que foi qm,m o tirou a elle de outro mar de enganos, pegando-lhe por outros cabellos de seus pen• samentos communicados; o qual lhe poderia dizer que este caso era estupendo sim, porém não singular; e que os taes, procedidos de demónio incubo, ou súccubo, não érão verdadeiramente filhos seus, senão d ' aquelles que concorrem com os princípios da geração humana, supposto que o demónio administrasse o mais que se r equeria para fomento e nutrição da creatura. Dei– xou comtudo alguma dúvida, se era ou não era este filho outro demónio em corpo apparente, o caso que depois lhe succedeu. E foi,quecrescendo em annos,e seguindo os costumes do pai,quan– do um dia andava nadando com outros, veio de repente aquella mesma Serêa, e á vista de todos o levou comsigo, onde nunca mais foi visto. Nova Floresta, T. I . Concluiremos no próximo fasci"culo a série dos estudos /Jioloyioo_s do dr. AcYLINo DE LEÃo ,-ensáios ex– cellentes tanto pela sciência em que se amparam, como pela forma com que se abrilhantam.

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