Revista do Ensino - v.1, n.5, 15 jan 1912
REVISTA DO ENSINO 291 em si mesma, isoladamente de qualquer outra (Comte). Foi o que se deu no estudo das funcções physiológicas do homem, eminentemente complicadas (digestão, circulação, respiração, secreção, locomoção, ., innervação, reproducção), qu~ se foram encontrar, em ponto exíguo, apenas esboçadas, nas propnedades fundamentaes da matéria -viva, existentes na céllula ou elemento anatómico. Não se pode escurecer que uma judiciosa applicação das no– ções fundamentaes da Geometria e da Mecánica se torne directamente necessária para bem comprehender quer a estructura quer o jôgo d'um apparelho tão complicado como o organismo vivo. Isso é par– ticularmente evidente em relação a todos os phenómenos de mecânica animal, estáticos ou dynámicos que se não podem snbtrahir ao im– pério das theorias fundamentaes do equilíbrio e do movimento. Tal o estudo das alavancas ósseas articuladas, que constituem o esque– leto ; a equilibrâção, por effeito muscular, nas diversas posturas; a marcha· a mecânica da circulação do sangue, submettida ás leis da ' hydráulica ... Só os hábitos da especulação mathemática podem prestar ao biologista a aptitude de formar e seguir as abstracções positivas, sem a qual não se conseguirá, em Biologia, fazer nenhum uso raci– onal do méthodo comparativo. Para seguir convenientemente, na bio– logia comparada, o estudo geral d'um órgão ou d'uma funcção, é indispensavel de ter, de princípio, consb:uido sua noçã o abstracta, só a, qual pode ser obj ecto directo de comparação, insuladamente de todas as modificações particulares ligadas a cada uma de suas reali- zações effectivas (Oomte). Nestes últimos tempos tem-se combatido o chamado monisnw biológico, isto é, de que tudo, na actividade humana, teria de ser en– carado do ponto de vista positivo ou experimental da Biologia. Em verdade, a Biologia deixa e deixará sempre fóra de . si mui– tas questões, que ella não pode conhecer, mas que nem por isso deixam de existir . Sua hegemonia não se estende a toda a intellectua– lidade e a todos os nossos conhecimentos. E' principalmente estra– nha e indifferente ás soluções metaphysicas e religiosas de certas questões que lhe são inaccessiV'eis. A Biologia não é a sciênc única; não inclua todas as outras sciências em si mesma. Seus processos e seus méthodos não são os nossos exclqsivos meios de conhecimento. Sua separação das outras sciências positivas é mui clara e apenas tem com ellas relações , que referi, de doutrina e de méthodo. Quanto, porém, a outros ramos de conhecimentos a delimita– ção não é tão facil, e tem sido m 1 .1ito debatida . Assim a 'Psychologia,
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