Revista do Ensino - v.1, n.4, 15 dez 1911
REVISTA DO ENSINO 225 Numerosos _natu1:alistas an~i- darwininianos negam que a seleção seja. a causa da_ scbrev1venc1a dos mais ap~os. De Quatrefages arfirmara que a luta pela vida em vez de traze!' vai-1ações a uma raça tem tendencias .a uni formisaJ-a. P ara Lacaze.- Dutbiers a concorrencia entre os seres era a lef da de truiçii.o rec iproca. F . Houssay e P feffe r vêem na luct.a uma causa de reducção, sem selecçtLO, dos indivíduos d'_µma especie: A especie não varia emquan to não mudam as condições exteriores; si estas variam eut.1.0 as es– pecies transformam-se ou desapparecem. Si ainda se quer ver abi selecção, aju.nta IIoussay, nrLO é mais do que um effeito da evolução, e não uma causa que a pre ide. (1). / De Vries para formular uma theoria da descendencia trouxe limita– ções á noção de especi~ de L iuneu. A falta de esk'1.bilidade dessa noção traz prejuízos ás theorias transform istas, tornando oscillan tes as bases de suas provas. O que era para Linneu variações de uma mesma espccie, De Vries chama espccies elementares, dando ,o nome ele varíedades a typos que apre– sentam difle renças mencs importantes. Por meio desta limitaçiio do conceito de especie, 0 naturalista pretende explicar a descendencia, conforme expe– riencias realisadas em vegetaes, pela formação de espccieis elementares, ob– tida s bruscamente, sem fórmas de passagem. Por este processo, comquan to De Vries busque conciliar-se com o darwinismo, a theoria da selecção en – contra mais uma dil:liculdade, porque as mudanças de uma espec ie para outra se dariam por saltos, dev ido a cau as desconh ecida , e não por variaçõe accu– muladas, em virtude da concurrencia. Outros naturalistas cons1:1guiram transformações, em zoologia, corres– pondentes ás mesmas especies, em regiões de temperatura diflerentes. Além de não ser ev idente que as mudanças bruscas se deem n:t natureza do roes– mo modo que se con egue experi mentalmen te, taes mudanças quando assim fo sse, eram insufficientes para. fu ndar o transformismo que, como nota G. Seliber , permanece sempre uma hypothese que deduz o parentesco, dos g rn- 1os de animaes, de factos que não sito do dominio da biologia experimental (2). As discussões das procuras natural istas não attingem somen te o darwi– nismo. A evolu ção, em geral, é por eUa ubalad~. A philosophia de Spencer que parecer~ ser um es teio solido do transformismo e representava um traba– lho fonnidavel de systematisação, abraçando todos os reino da natureza, foi po ta á luz cm toda a sua fraqueza, representando, hoje, uma tentativa abor– tada, illusoriamente fundada. Ha quinze annos Benedetto Crcce emitti. v conc~ito que Spencer, para o futuro , seria considerado como "º ~ymbolo da mediocridade philoso– phica do nosso tempo> (3) Claud Bernard aff~rmara q~e Spencer tinha <uma no – ção pouco physiologica ~ _rouco com1Jrehens1vel da vida, Georges Sorel crê po– der generalisar es ta critica e crevendo que as tbeses de SpencP.r são inu t . · . 11 · . . A h 615 para a sciencia e roiútas vezes mmte 1g1v01s. s synt eses a que cb e gava t) P. H oussAv-Nature et sciences naturelles, ,cf pags. 186-187. 2) Bevue Phi losophique cit. 8) CcoROEij So$t&L-BtllUC de Metaph. cit. pag. 66
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