Revista do Ensino - v.1, n.4, 15 dez 1911
I 224 REVISTA DO ENSINO A ideia dominante na. theoria da descendencia, de Darwin, é a selec– ção natural. P ara elle qualquer ataque á selecção ~ttinge to~~ _ª doutrina transformista. A não acceitação da selecção natural importa reJei tar a the– oria da descendencia, e admittir a fixidez das especies. ( 1 ) Larmack precedeu Darwin na con ce1,ção de uma theoria transformista. dos seres vivos. Concebera, porém. diffe rentemente, a razíio das variações, capa– zes de -produzir a mudança das especies: Para um e outro fazi am- se as mu– danças por meio ele pequenas variações accumul ada'; mas segundo Lamarck_ as vari ações eram devidas ás condições exteriores que modificavam os orgams– mos, agindo directamente sobre elles. Le Dantec ~-esume assim a theoria de L amarck : «a fun cção crêa o orgam.» No tempo do apparecimento do darwinismo a tb eoria de Lamarck fi– cara quasi esquecida ; a selecção natural era somente admittida como fa– ctor explicativo da u nidade dos seres vivos. A doutrina darwiniana 1iarecia que exprimia, defi nitivamente, a soluçito de um problema que, em todos os tem– pos, preocupou o espírito humano. Di cipulos como Haekel e Huxley tiTaram da theoria as ultimas consequencias, e consideraram todo mysterio afugentado. En tretanto, ap<i a analyse de alguns clccennios, nós encontramos, hoje, a doutrina longe do triumpho que a cercou nos primeiros dias. E j á. é pos– sível dizer- se que o seu merito foi o de ch amar a attenção do~ scie11tista pn ra o trans formi smo. < Chega- se a pensar, escreve Georgcs Sorel, que os princípios ele Danvin têm tido apenas o valor de sophismas de polemica, pr o11rios a habi tuar o esp írito á ideia da possibilidade do transformi smo : hoj e já 11ão interessam muito os naturalistas> . (2). P or isso, talvez, é que diz Yves Delage que foi neces aria a victoria definiti va das ideias transfo rmistas para tornar-se possível ; discussão da se– lecção natural! (3) . Uma consequencia do inicio d'esta discussão foi a vol ta a Lamarck, ou ,o reconhecimento do merito do factor por elle apresentado, em vista de verificar- se a fraqueza explicativa do foctor darwini:tno. De encontro á. selecção natural pensam muitos naturalistas q~e a lu– cta. contra os obstaculos _ex ~ei:iores é maior, e tem rnais irnportaucia, que a que se produz entr e os md1v1duos. A esta conclusão chegaram P . Kropo– tine, Menzbir, Brand ~. Outros,_ co_m? V. L . Kellog, dizem não ter jamais ve– rificado a concorrenc1a en tre 10d1v1duos adultos. (4). ~ ~ntrariam tambem ~ :beoria darwiniana as verificações repetida– mente feitas de que as cond1 çoes favoraveis, a facilidade da vida são mais vantajosas para a ?roclucção de va~i~ções novas, - conclu ões estas oppostas á Jei da luta ~Jela vida, qne produzma mais faci lmente as variações quanto . mais encarniçada fosse a con correncia. (5). 1 ) YvEs-DcLAOE- Les théories de l'Cvolutio11, pag. 42. 2 ) Revue de Métaphyiigt,e et de Mo,·ale- Vues 81<r les proble111es de la Philosophie. Janefro, 1911. s ) Ob. cit. pa.g. 4S. 4 ) I Vl!S DELAOE, ob. cit. Paus. 4.9, 60. 6 ) Yv1rn D~LAOB--Ob. cit. paus. 61 63.
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