Revista do Ensino - v.1, n.4, 15 dez 1911
REVISTA DO ENSINO 223 DECADENCIA do DARWINISMO P or R. MOREIRA DE SOUZA. Em suas leis e resul tados geraes é muito vulgari zada a theoria de Darwin . Como ella trata da orig em do homem e procura dar-lhe uma des– cendenci a natural, através da fórma symbolizante do símio, a curi os idade que desper tou fo i immensa, tornando- a susceptivel de popularidade, Os que, rém, não acompanham o mov imento da scieucia, desconhe- cem todas as discussões a que tem sido suj eita, como ignoram, talvez, si a doutrina ipanteve o triumpho que a acompanhou em seu apparecimento. A ideia da creação natural dos seres organizados é anterior ,i Dar– win. E ' compi·ehensivel a sua formação na tendencia scientifica que succe– dêra á media- edade e· se destinara a interpetrar a n:hureza segundo o em– pirismo, apta, portan to, a produzir uma concepção mecánica do unive rso. Si outros phenomenos, ou ou tros seres, eram productos de forças na– turaes, os seres organisados deveriam tambem sM-o; não poderiam vir a des– men tir a concepção geral, em conjlj.ncto. Parecera log ico, e, assim, os scien– tistas chegaram a sustentar a ideia do transformismo. A principio, não era uma theoria completa, systematizada, e, n'esse e,stado embryonario, não teve expam,ão notavel. Coube a Darwin a elabora– ção de uma doutr ina com abundancia de material demonstrativo, e com a for tuna de colher a victoria. O problema que Darwin se propôz esclarecer é o da origem das es– pecies. O resulta~o das_suas pesquizas experimentaes ~ uia ~ela descen– dencias das espec1es ammaes de um tronco commum. Os seres vivos em vez de represen tarem typos ih.os, não signifiéavam senão ·a evolucão, a transfor– mação de um typo :udimentar, creado .expon t~~eamente na natureza. Algumas ideias geraes na theon a darwmiana servem para explicar 0 moclo por que se passaram taes transfo rmações. A luta pela vida, ideia que Darwin colhera na tbeoria economica de Malthus, gera a selecçilo natural. Esta se produ z por meio de p equeuas variações individuaes, e ...accidentaes, ue se vão accumulando gradualmente.- cNa natureza pa r te dos organismos ; erece, emquan to os outros sobrevivem. Os mais adaptados ::í,~ condicções ex– teriores têm van tagens sobre os menos adaptados; faz- se assim entre os or– ganismos que variam uma se lec~fLO natural. Graças a este fac tor, e á varia– ção, os caracteres das fo rma_s vivas mudam pouco a pouco. Após um período assás Jon rro um dado orgamsmo pode mudar de tal moclo que, em compara– ção com ~na fórma de ori gem, a~resenta uma differença egual á difl:erença ue nós verilicamos entre as formas pertencentes aos diversos grupos do ;ystema de classificação.> ( 1) l ) G. s,:i,m1ui.. .Rwut Philoso.z,hique-Le,1rouleme du transform,isme. lll!eiro 1911.
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