Revista do Ensino - v.1, n.4, 15 dez 1911
238 REVISTA DO ENSINO e irresistivel, duma ironia bilar, notadamente a perna que assenta sobre a mesa co9-10 uma ·columna, que é duma sátira pouco vulgar. Como capar.idade creadora como au– daci a téchnica, e vigor de traço_ J. ARTHUR é o ar tista que se decor a com o renome do nosso melhor illustrador, dum podêr espiritual e descriptivo que lhe empres ta pessoalidade disti n– cta , isolada. FRANCISCOESTRADA,- velho artista, famili ar do pincel, de certo o nosso único paisagista pela riqueza dos valores veri– di cos que patenteia, pela assombrosa semelhança de iilu– minação 'e colorido que espelham suas obr as r epresen tando nossos aspectos region aes,- foi no entanto ao cer tamen com reduzido numero de telas. Dois dos seus t rabalhos se firmam logo, á primeira inspecção, sem irmãos nas galerias. A _sua sciência da perspecti va o colloca como mes tre na reprodução ·da atmosphera e dos planos em que se destacam os corpos no espaço. Ainda este anno, em certamen seu, Estrada exhibiu a publico um pequeno quadro, Perspectiva na mata, penso, em que a profundeza fic tícia, tan to na convergenci a das linhas fugitivas como na degradação das cores, era d' um rigor scien– tifico, linea r, e duma expressão emotiva, aer ea , surprehen– dente, e cuja verdade que assignnl ava nessa qualidades, de i– xava a tela sem par nas exposíções anteriores. Das paisagens expostas exep tuaremos, com louvor, Bos– que Rodrigues Alves ( n .º 6) _e Marajó (n. 0 2) , pela r ealidade fl agr ante, e sentimen to poetico em que se embebem. Principal– mente a de n.<' 6 em que a gradação do ve1·de patrício no bos– que frond ejante, a illumin ação, o recorte vívido das sombras, 0 espelhante das águas paradas, dormentes, dão uma estr anha individualidade ás árvores . Vago sen timento de quietude r ei– na naquellas paragens ; uma solidão fecunda nos convida ào devaneio; e ao fundo, corno no vér tice do ángulo, uma p al– meira soli tá ria se des taca, esbelta e linda na gracilidade deli– cada de seu contorno, numa postura eminen te . P'r ' além as nuvens se transiludiam ap sol, e em movimento uniforme in – dícam as correntes dominantes dos Ventos . A' beira d ' agua estagnada as plantas se r emira m, immoveis na tranquillidad e de suas imagens ; e á direita, mais próximo do observado1·,
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