Revista do Ensino - v.1, n.4, 15 dez 1911
232 REVISTA DO ENSINO Em vista da g ra nde quant1dade de calor que ella produz, empregam-na com êxito nas fundições, mas isso não sem algun s inconvenientes que muito restringiram seu emprego. E sta substáncilJ. é ora inassiça, ürn foliácea e, al gu-– mas vezes, apresenta-se até sob a fórma de fragmentos esparsos ou como poeira terrosa. Os mais consideráveis deJJÓsitos, de anthi·acite encontram-se entre Nantes e Angers, na Mayenna e na Sartha; encontram-na aínda no Bourbonnais e na montanha de Tarrara. Emquanto no fundo das aguas se formavam esses terrenos que abundam na Inglaterra, no Devonshire, d'onde lhes veio o nome de terrenos devoni– anos, sob o qual elles apparecem n as collecções, algumas novas espccies de conchas e de maclróporas, vieram por sua vez juntar- se ás que já existiam . A vegetação terrestre tomou con i<leravel desenvolvimento: as ilhas cobri– am-se de feto s g igantescos, de altura comparável a das árvore das nossas florestas, plantas análogas á cavallina, e tão grossas quanto o~ nossos bam– bús, e outras ainda resi nosa , da ·família do pinheiros. Todas essas plantas, que pertencem a espécies botânicas muito inferiores , desabrochavam na terra quente e húmida, com um luxo de vegetação, do qua1 a exhuberáncia das florestas inter- tropicaes não nos poderia sequer dar uma idéa. Sempre fiel ás suas próprias leis, depois de um período do qual nos é impossível determimtr a duração, a uatureza por meio de novas deslocações destroe mais urna vez esse mundo aínda por demais imperfeito. Novos a.levantamentos, fiz eram surg ir das úguas esses terrenos devonia- · nos, que se encontram sobre os terrenos anteriores e que, além de existirem abundantemente na Bretanha, a mais anti gas de toda as terras, verdadeiro museu 1 onde se consen ·am os typos de todas as formações primik,as, cobrem ainda extensas superficíes ·na In glaterra, desd<-: Cornualha até aos montes Grampianos, e na Escóssia até as ilhas Shettand . Exi te aínda em quanti – dade na França e na Bélg ica, encontrando-se vestígios desse mesmo terreno na Bohémia, na América e :,té mesmo na Asia meridional. As montanhas criadas nessa época, é mister que n~o o esqueçamos, não são no entanto cobertas por terrenos devonianos, que seu alevantamento acabava de arrasar ; porque então, as massas enormes de matérias derretidas, tudo afastttndo de seu caminho, e deixando escorregar sobre seus flan cos as rochas cuja estructura ellas modificavam, elevavam-se nuas e estér~ is acima das ondas. Estudando a nature:i:a dum terreno, é focil determinar a épo ca na qual todas essas formações ígneas tomaram suas pos ii;ões actuaes. E ' assim que se pôde ter certeza que os pórphyros do Lozére e que os g ranitos de Brockcn, tão célebres pelos cantos de Goothe, pertenciam á época devoniana. Imagine- se o que se teria passado quando as montanhas de grani to em fusão irrompiam subitamen te no fundo das águas ! Producçiio súbita de vapor, horríveis explosões, tremôres violentos, abalos espantosos, tudo for– mava um cbáos indescritível Repuxos d'água fervendo deviam de se elevar a uma prodi giosa altura . nuvens espessas obscureciam o céu, e uma noite profunda devia de juntai'.
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