Revista do Ensino - v.1, n.4, 15 dez 1911

REVISTA DO ENSINO 231 ' Não insistimos sobre esse assunto porque foi por meio dessas obser– vaçpes tão simples que se conseguiu determinar a idade rala.tiva de cada terreno e a ordem de successão dos diversos alevantamentos. . Depois da apparição do terreno siluriano, segue-se um longo período de calma, durante o qual se depositaram pedras liozes e, rochedos compostos dos destroçus das rochas siluri anas. Algumas dessas liozes são notáveis pela sua · côr, qll;e lhe deu o nome de velha lioz rubra. Por sobre ellas depo– sitaram-se schisto~ e c:tlcáreos que ·apresentam 11m dos mais claros exem– plos do que, em ling uagem scientítica, se chama o metamorphismo das rochas. Quando esses cálcareos se alevantaram por sua vez, encontraram-se em contacto com a matéria em fusão que fórma o interior do globo, ~ que jorrou pelas fe ndas, rroduzidas pelas mesmas causas que deram Jogar, a esse alevantamento. A alta temperatura á qual es tiveram expostos, mudou com– pletamente a sua e tructura fl lhes deu o aspecto brilhante, a cristallização de saccharóide, assim como a mesma forma de se quebrarem. E assirri foi que se formaram os· mármores, que originariamente não passavam de simples calcáreos. Os mais antigos dos mármores, e que per– tencem á formação que se segue á formação siluriana, são provavelmente os do valle ele Campa~ , nos Pyreneos, e os de Caunes, no Aude, tudo em terras de França. E ssa transformação dos calcáreos ordinários em mármores não é uma simples hypóthese, pois que podemos, a vontade, reprocluzil-a em nos– sos laboratóri os. ? ara isso basta encher de cré pulverisada, e bem apertada, .um tubo de terra refractária que se fecha em suas extremidades, e depois que todo o ácido carbónico que o cré continha se haja vaporizado, ex– pol-o durante algum tempo á acção dum intenso calor. Quando o tubo se resfria, verifica-se que o cré tomou o aspecto e as propriedades do már– more. Deve- se essa curiosa experi éncia a Sfr. J ames Hall, chímico escossês. Emqu:mto em alguns pontos esses phenómenos de metamorphismo se passavam nos fundos dos mares, as suas águas faziam g·erminar algas, fucos e plantas marinhas de novas espécies e bem mais numerosas que as que haviam apparecido durante a formação precedente. E sas algas, reunidas As cannas ~quáticas e aos fetos que começavam a crescêr nas margens das ilhas, e que eram arrancadas pelas ondas dum mar sempre ag itado, em se deposi– tando em camadas alternativas com novos calcitreos, soffreram como elles os effeitos da alta temperatura q~e se produziu em differentes pontos, e, carbo– nizando-se sob uma enorme pressão, converteram- se num combustivel fós– sil ao qual se dá o nome de anthracite e no qual seus vestígios são ainda v isíveis. A anthracite differe da bulha ou do carvão, que toda gente conhece, porque é ordinariamente mais brilhante, mais compacta, secca ao tocar, dif– fíúl de chammejar, ó queimando em grandes quantidades, a tal ponto que, se se reti rar uma brasa accesa d'um braseiro ell a immediatamente se apaga. A antbracite quando queima não dá ch amma, e a sua distillação não fornece gas, como a do carvão mineral.

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