Revista do Ensino - v.1, n.4, 15 dez 1911
228 REVISTA DO ENSINO sobre as variações verifi cadas artificialmente nos animaes, variações que são muito maiores dos- que as observadas nos animaes selvagens. Taes variações para Cuvier são insignificantes; para Darwin possuem grande importancia e fazem que elle abandone a ideia da fi xidez elas especies. (1) Houssay faz depender a opposição das doutrinas da natt1;i·eza di– versa de cada espíri to, o que acarreta um profu ndo cepti mo scientifico. Elle considera, no entanto, esse scepticismo necessario á sciencia. ós não devemos nenhuma r everencia aos lia.bitos in tell ectuaes que ,nos transmitti– ram, e é um bem «ser solicitado sempre ao estudo pela dúv ida permanente sobre o valor dos resul tados atting idos.> (2) E' curioso nótar que, quando o empiristas pretendem ter afastado a rel ig ião da sciencia, como factor explicativo e como cri terio de oro•anisação metbodica, são ainda por ella influenciados que construem os seus syste– mas transformista s. Ainda boje a relig ião serve de guia, determina. a ori– entação d.J. sciencia. Sendo repulsada , como elemento de· interpretaçfLo, ella ª "'e e enfluencía os scientistas, que formam as sua s theorias tomando-a como p~nto de apoio ou de comparação. O papel que ella ex.erce, nu1lo na appa- , r encia, é de uma tol'ça propulsôra. Encaram-na os scientistas como um si– gnal, crendo a exi tencia da verdade j ustamente n 'uma direcção opposta a da religião. Em muitos adeptos do darwinismo verifica-se na exposição das dou- trinas, e, á vezes, da argumen~a~t°LO, app~ll o frequentes á theologia (3). Alguma cousa da prova do darwrn1smo est,Lna fallencia da theolog ia para ex.plicar os factos da natureza (4)._ ~• conbecida a aUitude do Haeckel em relação á igreja ; os seus ataques ms~stentes revelam uma preoccupação de todos os momentos ; faz- se a apolog ia do transformismo a custa ~a allust°Lo constante da fraqueza da explicaç?i.o. theolog_ica. O proprio Darwin procura uma interpretação natural para oppor ao rmlagre. Isto mostra a lig·ação que tem de facto o darwinismo com a relig ião. o dar}Vinís1:11o r,ascen como reacção á theolog ia, e a sua acceitação, 0 ruido do seu e:x1to propagaram- se ~raças á. esse phenomeno de revolução theorica.- A.o cabo de alguns decenmos a nova doutrina apresenta-se desnu– dada pela analyse scientifica, que vao , pouco a pouco, obscurecendo O seu prestigio alarmante. . . Reduz.se o darwimsmo a uma mterpretação da existencia humana tí'to au– ctorisad:-. quanto uóde ser a interpretaçr10 religiosa. No movimen~o geral da investigação ellas tendem a fi c~r , lado a lado, dttas hypothe,es que possuem os eus defensores, e que não impedem a marcha do conhecimen to. A Sciencia ~ão.se dete~ n'u:11ª como n'outra ; o seu ideal não foi at– tingido. E' 0 que s1gmfica a d1scussao actual do transformismo. t ) Ob. cit. pgs. 23t , 235. 2) Ob. cit. pag. 299. 3) ED0 • 0 0 0 CLooo- 1 Pioniel"i déll'evoluzio11e; Scm.imT- Descendance t ,._.. e Daru•iliisme. 4 ) oi u rr-Les Preiwts dtt Tra11sfo1'1nisme.
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0