Revista do Ensino - v.1, n.4, 15 dez 1911
REVISTA DO ENSI Q 227 .à multiplicidade das doutrinas e as discussões que se te t d b d . m rava o so r~ o arwnismo chegam ao resultado ou de negar os factores da concor– renl.!ia e selecção ?u de admittil-os restrictamente, coarctando-lhe a func ão creadora de especies pelas mudanças operadas. ç Nota justamente R. Berthelot que a faculdade creadôra que D . · · · 1 · d , annn Juntou a ei e concurrencia de M~lth~s, alie a concebeu imt.ginando «que a luta e a morte em vez .d~ des~·u1r 1111~lesmente ,uma parte do que existe _e de manter os seres em limites fixos, constituem um factor de desenvolvimento e pos~uem uma v~rdadeira virtude creadora. É esse o lado extranho e paradoxal de seu systema, que lhe empresta uma sorte de poesia tragica. » (1) O darwinismo não é essa theoria poderosa que arrebata todas as incog·nitas da vida, ao contrario ella se contrahe cada vez mais aos olhos do aualysta perdendo este caracter miraculoso de desmascarar, com alguns princípios empiricos, todos os mysterios do mundo. Ao passo que os naturalistas se esforvampor sustentar o transformismo conjugando ideias oppostas n'uma mesma explicação, a critica não revela senão tbeorias que se não provam experimentalmente e nos deixam na mesma indecisão e septicismo que produz a doutrina de Darwin. As theorias que se lhe cotrapõem tem, sobre tudo, a vantagem de mostrar a sua insufficienc ia; mas, por outro lado, reduzidas a uma expressão real do conhecitnento, ellas nada mais accrescem do que a verificação, com– pleta ou incompleta, ele novas leis, que como todas as leis produzidas pela cons– ·tatação 'de factos,~ e 1;estringem a uma relati_vidade que o.ão e~ ica o que _se pretende expl'car:-a origem das espec1es. Somente a~ theorias mais modernás necess itam de tempo para verificação de que o valor absoluto que ellas se inculcam possuir é puramente iliusorio. Quando um investigador apresenta uma doutrina baseada n'uma dada ~e rie de factos, que se accor– dam com as conclusões tiradas, não se deve a priol'i repulsal,as sem um exame demorado e profundo. Assim, em biologia, as theorias têm direito a alguns annos ou a al!!'tms decennios de existencia mais ou menos victoriosas, em que 0 respeito 0 os babitos scientificos lhe dispemam direitos hypotheticos de pos– suir a verdade, até que se pronunciem os pensadores n'uma negação definitiva. Na hora actual, vae-se geralmente tocando ao fundo da impossibili- , dado de conceder-se um valor exagerad.o ás theorias biologicas, fundadas na experimentação. E' porque começa de manifest~r- se um sceptismo sym– ptomatico nos naturalistas, e de despertar a te~denc1a para , a construcção de theorias racionaes. , Actualmente, escreve Sehber, o transformismo não apre• senta senão um estudo da variação e da adaptação; estes phenomonos eão de grande importancia, mas n_ão explic~m tudo O que o t_ransf~rmismo pre· ten<!e.> O scepticismo de Sehber é res~gnado; elle nos diz : "ª melhor ter uma theoria falsa do que não ter tbeoria nenhu~a:> (2) F. Houssay attribúe a diversidade dos espmtos .ás opiniões oppostas 1) Ob. cit. pav- 22 2) Rwue philosophique, cit., pgs. 89, 90. I
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