Revista do Ensino - v.1, n.3, 15 nov 1911

1 . / REVISTA DO E~srno 177 tornar o mestre, des de o primeiro mome nto, solidaria com o governo na campanha emprehendida pelo melhoramento da instrucção popular. Bello comício esse, em que mais de uma centena de profes– sores offereciam o espectaculo animador da discussão interes– sante pelo que de novo se ia praticar, objectando sobre um ponto, inquerindo a r espeito de outro, e, ao fim, levando todos para a escola a noção clara e real do que era preciso ensinar e de como se o devia tazer. Fazendo, já em minha ausencia, a remessa do program– ma aos professor~s 9rimarios, o meu substituto acompanhou-o da seguinte circular, tendente a esclarecer aquelles que á referida reunião não puderam comparecer: Secretaria o'Estaclo cio Interior' Justiça e instrução PulJlica Sm·. Professor E ' com particular intnesse que vos remetto os novos programmas do ensino primário, recentemente mandados adaptar nas escolas do Estado. Como vereis de sua simples leitura, nas variadas e minudentes obser– vações, foram por cc,mpleto abandonados os velhos moldes em que se tinham enraizado, entre nós, os processos pedagogicos da instrucção. P elos novos eusinamen~os observareis que o méthodo seguido é o in tuitivo, isto é, aquelle que mais de acordo está com a evolução mental da creança. Dos programmas se deprehende facilmente o principio regente da re– forma : adquirir o conhecimento partindo do -concreto para o abst·racto, do particular para o geral. Transmittir a idéa prn• meio do objecto, do exemplo. Na escola, a func ção creadora é a do pro ressor; o alumno é o recepta– culo do eu inameuto que se lhe trasmitte ; assimila-o pelo vehiculo do exem– plo, e archiva-o uo corebro- pela prática, pelo experimento que delle deve fazer. · As reo-nis são o producto duma longa observação: fazei, portanto, desenvolver !:o espírito da creança essa faculdade, e só depois é que lhe deveis dar a synthese dos repetidos exames dos phenomenes que elle prati- cáro.. Só se aprende a falar e es~revcr :-.fola?do, escrevendo. Recommendo.ndo-vos a avphcação 1mmediata dos novos programmas de ensino, chamo especialmente v?ssa atte1~ção! no estudo da Língua Portugueza, para O ensino do verbo. Deveis, em pnme1ro lo~ga r, fazer o ~lu~no conhecer, pro.ticamente O que seja um_verbo, a suo. funcçao ~a frase, rnd_1cal-o na_ora– ção, etc. Passareis, em s~gu1~a, ao est~1do d~~ pessoas g:ammat1caes, o, pnal– mente, ao da conjugação, isto e, :i _mane1r.a pratica_ de flex1_onar o verbo ., Nestes exercícios, como em todos os demais,.- e e este o fito culmrnante d::i. refo!·m;t,-:– deveis evitar, em absoluto, da parté ~o alumn?,. os ex~austivos e rnuteis esforços mnemónicos de outr'ora, exei:c1dos na pratica, hoJe conde~nada, de decorar as lições. Assim, para boa comprehensão do estudante, deveis escolhef

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