Revista do Ensino - v.1, n.3, 15 nov 1911

REVISTA DO ENSINO 169 pelos governantes , deram cabal e completo cumprimento á bellissima tar efa de que es tavam encarregados. De escola em escola, p as.sa- se de maravilha a maravi– lha . São tod as ellas che ias de pain eis decorativos, uns desper– tando o amor ardente da patria , alimen tado p elos fa ctos heroi– cos dos seus antep assados e pelas grandezas moraes e intelle– ctua_es dos contempor aneos ; outros, infiltrando n 'alma candida das creanças, ávidas de sab er, a tranquillidade exhuberante e sã . da natureza atravez de seus vari adíssimos aspectoslocaes , outra ·maneira de fa zer amar o rincão natal. (*) Mas voltemos ao nosso meio , onde tudo está ainda por faz er , embora h aja algumas poucas vozes que protestem contra o que existe, em prol ,da verdadeira ori ent açã o. Em 1888, Gaston Cougny, fazendo um es tudo completo sobre o ensino profissional de Bellas-Ar tes na s escolas da cidade de Pariz, di sse que tudo alli estav a ainda por faz er. O que commumen te se chamava desenho nas escolas prima rias não passava de copias de es tampas; li thogr aphi as ou -gravuras; haohures bem ~linbadas, um pontilhado minucioso, em uma pal avra, a imi tação exacta de uma modelação p uramente con– vencional. E eis todo o conhecimento ; n ada mais do que isso. Seme– lhante trabalho devia certamen te atrophi ar as intelligenr-ias extinguindo a bôa vontade . Como nos esquecemos dos verdadeiros princípios é o que nos custa a comprebender , quando se p ensa sobr etudo que Leonardo de Vinci, lbert Dürer e J ean Cousin os formularam, ha mais de tres seculos, em termos de um rigor admiravel. As estampas dominav am por toda parte, sobretudo na escola primaria . Dever-se-ia supp t·imil-as com uma só pennada? O Governo, in felizmen te, n ão pensou assim, ou. pelo menos, não ousou. Demais, ha via qu as~ cem ann os que o erro se p erpe– tuára n as escolas, e haver á por acaso quem desconheça a forç1:1- da rotina ? E lla, porém, fo i batid a, sem tréguas, desde o pri– meiro di a e com cuidado. E foi nas escolas pr imq.rias que se encon trou terreno fa voravel para a transição do methodo ar– chaico ao novo. F inalmen te, á hora presente, o unico modelo que convem ao desenho a mão livr e é o modelo emrelevo , o mo– delo de gêsso, e todas as escolas ,Primarias estão, hoj e, abundan- temente del] e pr ovidas. . Não sA deve sobrecar regar as creanças , quer endo ' ensi– nar -lhes muito , mas ensinando pouco e bem. E podemos dizer, ·com jus to orgulho que muito temos conseguido, faz endo com que todas ellas tirem magnifico resultado na rep roducção de obj ec tos usuaes, dese11hanclo cada um segundo a sua maneira de vêr e de sen tir, o que não se conseguirá jamais quando ell as copiem estampas. · ., (•J L' ai·t et les Artislcs. Juin 101 1,

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