Revista do Ensino - v.1, n.3, 15 nov 1911

REVISTA DO ENSINO 165 e penetração technica e mental do conhecimento estudado no espaço e no tempo.- P roduzfr desenhos, e não r eproduzil-os, deve ser a ordem, o santo e a senha imperati vos do ensino escolar, ainda o mais rudimentar, se em ver– dade se q uer colher algum fructo desse ensino, poi s como artigo meramen te decor ativo é inutil, se não prejudicial, porque avilta e degrada o alumno, pela cega sujeição ao pe'nsamento de outrem, em vez de o elevar e dignificar pela propria auctoria consciente e original. * Nesta ordem de idéas conviria reg ulamentar o ensino official, tra– çando-l he a directriz dídactica na unidada, dando cor po ao pensamento do– minante, vencedor da rotina em toda par te, hodiem amen te, tão bem expresso por Cougny, citado : O desenho, que é tam bem uma escripta, deve entrar, como a escri pta, na educação de _cada U1!1, porque elle é necessari_o a todo~, sem excepção, e sobre tudo ao mdustrial, ao manufactor, ao agricultor, ao operario, aos quaes é indispensavel ,para o exercício das suas varias profi s-· sões, que ta!1to ~ontribuem para ? desenyolvim~mto d~ r iqueza nacional. '.'Se a escripta, diz Viollet-le-Duc, o gemai architecto, e o meJO us ual de commumcar o pensamento, de fixar a retenti va, de pr~p~gar doutri nas, de r ecolb er_os conhecimentos espalhados para os tra~s n11ttir aos que en tram ~a car rrmra e ás gerações futuras, o desenho perm1tte dar um corpo a este pensamento, a esta r etentiva, p rcciznr a doutrina e fazer penetrar no espir ito, mais r api– darr ente com mais ség:urança, a maior parte dos conhecimentos humanos. O conselh de Leonardo de Vinci, no seu Tmtado da vintura, resume toda a sdencia pr.'ltica a seguit' na esoecie- "S 'q ueres ter o verdadeiro co– nher.imento das fo n rnfs das cousa;,, começarás pelas suas parles, e não pas– sarás á segunda emqnanto te nã houveres exercitado complet::1mente na pr imeira possuindo-a bem na pr'.ltica e na memoria. Se assim não proce– deres, pdrderã~ e teu tempo, ou pelo menos, demorarás o estudo. Apprende ci a exactidão a_ntes da presteza". * Émbora scm:"rr.z ultados praticos apreciaveis, quanto á maioria dos expositores collectivos 9u~ atra~ ~nu_nciamos, ~ ~ujos tr~balhos deviam ser desclassificados , se nao madm1ss1v01s na oxposicao, por nao responder em aointuito que lhe deu0ri em, pois que é impossivel assignalarnos mesmos qualq ue:r; pro~resso dig;no de ~ncentivo, a te1~d~ncia para tornar o ce1;tamen efficiente é ja pronunciada, formando na f1le1ra dos trabalhos rac10naes, produzidos com uma intenção pratica e coherente, os do Collegio Progr esso Paraeuse, Curso do p rofessor f'ar los Azevedo, I nsti tuto \Amazonia, Curso do professor Theodoró Braga, Gymnasio Paes de Car vafüo, Collegio Sa– grado Coração de :Mar ia, Colle1,;io Nacional, Escola do Apre-ndizes, Escola Normal, Coll egio Pcr~evemnça e o Cu rso do pr ofessor Girard. Destes, t_odavra, alg~ns se des ~ac~m, a_ccu_san~o uma originalidade inconcussa, pela 11~t~rpet_raç~o pessoa_liss1ma, _rndrnat,va d_o r espectivo tem– peramento e da vrnao ~1ver samente. 1mpress1onada , e CUJOS auctores é de j ustiça nomear, para fms ped3:gog1cos e moraes de intuitiva jus tificação alliando á individualidade allud1da um marcado aperfeiçoamento de exe~ cução no desenl o puramente escolr.r á mão livre e geome\rico este de inventiva proprh,.na ap pl)cação ~as lições theoricas rec~bidas, a saber: Lau– ro ~osado, C_~nd rJu. ~Iarmho, , N~~tor _Alcan~a_r ~, _Man a _F er reira, Antonia D. Silva, l\lun l;J _Pe1mra, R. Cor 1 a L1r:u a, Vu gima Bahia , Caland r iui de Azevedo, ~ntomera_ lllacedo, Lauro odre Gomes, J osé Lyra Cas tro Fran- c1sco Brasil e Lcomdas ele Albuquerque. ' * Pela primeira vez, na presente exposição e no ensino de desenho local de todos os tempos nas escolas publi cas e particulares, concorre agora um novo gcnero de pintura- a stylisação da planta, especie filiada á arte I

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