Revista do Ensino - v.1, n.3, 15 nov 1911

164 REVISTA DO ENSINO Uma tal falha só se poderia evita r, decretando instrucções claras e terminantes sobre o modo de ensinar o desenho nas escolas, porque o ensino não póde progredir sem u~a base docente, ao mesmo t_emp<? qn~ sem uni– .dade de methodo é imposs1vel estabelecer confrontos JUd1c1osos e deduzir com acerto em relação ao aproveitamento e progrcEso pessoal dos discipulos levando-se em conta o tempo util do _ensino ou aprendizado de ada e.·po~ sitor concorrente, para se nao confunda· co_m o que tiver alguns annos a'}uelle que tiver apenas um o.:;1 menos. Urge, ~01~, proscrever o desenho estam– pado para a reproducçao escolar, subst1tumdo esse erroneo e esterelizante processo µe la copia do natural, pelo _modelo em_ ~ê~so, de madeira ~u metal, como os austriacos, do Museu de Vienna, que Ja fizeram da Austna o mais prospero e assombr~so centro de man'!,f_actura plastica d~ mund<_?, eliminando simultaneamente os mstrumentos amohares da facturalmcar, so admissíveis na r epr oducção rigorosa de figuras pur~m?nt geometricas. . Todo o desenho deve ser feito a vista, para melhor comprehensão do modelo e intcgr:'11 assimilação das lições recebidas, como é corrente na Europa e na America, e até -~esmo já no ~ra~il, nas principaes cidades, como 0 Rio e s. Paulo, onde offic1almente se nnpoe por este processo, e sempre do natural, como se vê de seus progr~mm~s, e notadamente o dos exames de sufficiencia das Escolas Normaes Primar1::is, decretado pela Secretaria do Interi or, e o do ensino ~ara os grup?s Escolares e Escolas Modelo de s. Paulo, desde 1905, que ~1ve~os enseJo de corn_'.:)ulsar._ No primeiro inscre– ve-se o desenho sob sc1s d1fferentes expressoes: obJ ctos usuaes folhas plantas, flores, animae~, s<?lid:.os ge?motricos (isolad?:i ou_em gruphs). ' E o mesmo critcr10 e applicaclo para o ensmo amda o mais r udi– mentai·, como o p~ofessado nas esc?las maternaes a crianças até de tres annos, qual se pratica n~ ~rança, po_1s que para d~senhar basta ver, e para vêr não se carece d~ aptidoes excepc10n_aes_, mas snnplesmente de uma edu– cação da vista, commum, ele1~enta1:, 111d1spen a~el a todos, e essa é que é a tarefa do prof _ssor, tanto mais fac1I, quanto mais cedo fôr desempenhada junto do apr~nd1z. . Debaixo dest!'l ponto ~e vIS ta, e dada .a necessidade de dotar 0 alumno de um conhec~mento emmente~ente pratico, sab ido no dizer de Gas– ton C<?ugny ("L'~nseignem~nt profess1onel des !-Jeaux-arts duns les écol s de la v1lle de Pans_" ), q ue nao h~ desen\10 nem·simples traço que não pos!a r eceber a sua a~plicaçao numa mdu~~ria ~e arte, .to~o o ensino do desenli devia ser encammhado para a sua utilizaçao prof1ss10nal. Só assim a esc 1 ° · · 1 · " f te 1 · < ºª primaria ograna _ser rai:icamen _ PºP1:1 ~r, concr~hzando o mais bello dos intuitos democrat1cos_ da mstrucçao off1c1~l, como e sonho rcalizavel de al– guns pedagogos e ph1lologo3>, como ~oaqu11n ~e Vasconcellos, 0 sabio ort _ guez que tem consagrado. a arte ~ _a peda_gog1a toda a sua longa e 1~ci u vida, assertando que tal desiderato J.ª se teria conseguido se houvesse~ • isa duzido nella o ensino manual, o ensmo elementar dos officios mais neces~ 1 ~o– e communs. Tal insti~tlição já por iniciativa particular, mesmo em Por/r 10 f foi implantada, e esta produzmdo os melhores fructos na Escola Ra ~ga 1, L . b t b · - c10na n º 1, de 1s o~,. e am em em nosso pa1z, se n~o cm outras capitaes de não temos noticia exacta , pelo m nos cm Curyt1ba, onde p rospéra um . q~_e tuto profis_sional modelo, no q u_~l .se ministra a_ ~?ucação technica que h:sbt lita a segu!r toda s.as artes e offlc10s, sc1:1 preJu1~0 da puramente estheti sempre util e profícua om todas as carreiras da vida inclusivamen te c~, cola e commercial, litter~ria ou scientifica. . ' a agn- Desde que o ensmo de qualquer materia dos conhecimentos l . d" "d d b d l · · lumanos viza dotar o m 1v1 uo e um ca_ e a, po~lt1vo e proprio para ser utiliz em proveito pessoal ou collect1vo, e obv10 que deve ser real e co . ado mente adquirido. E no ca~o particular do desenho que nos occu ~sci;nte– logrará tal rezult~do senao _apprehe_?dendo ipaterialmente e inte~r' 1nao se 0 modelo com ~ s1mult~~a mstr:ucçao da_ mao _e da vista para a'"ect men__te efficiente de artistas, artífices ou s1 m1?les ~1lettant1 pl!'lnamentc adestractcaçao roducção pessoal qu~ ca_da UJ?l r e~1zar e que consiste O verdadeiro 0_s._Na ~ada valendo a que nao_tiver meqmvocamep.te es_te cunho proprio mento, a efficaz assenhorcaçao dos meios matenaes e mtellectivos de ob' que pr_o- va servaçao . .. . 1 .

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