Revista do Ensino - v.1, n.3, 15 nov 1911

REVISTA DO ENSINO 159 certo ponto do mundo uma região abençoada, onde a felicidade existia. Comprehendem ? - Sim, mamã . -Que podemos dizer que seja a perfeita felicidade ? A ri- quezâ? A saúde? A honra ? O tabalho ? Cedamente, não. Nem todos os ricos, nem todos os sãos, nem todos os honrados, nem todos_os que trabalham são felizes . Moralmente, meus filhos , a felicidade consiste, antes de tudo, no cumprimento do dever pela pratica do Bem. A creança é feliz quando ama e obedece aos p aes, r espeita a velhice, tem piedade dos desgraçados, e vae p ar a a escol a contente e satisfeita, vendo em cada collega um amigo e um amigo incomparavel em cada livro que a instrue n as aul as. A creança que assim procede, cumpre um dever, não um dever imposto pelas conveniencias da vida, mas um dev;er suavemente suggerido pela propr ia conciencia. E ssa cr eança não póde deixar de ser feliz, immensamen te feliz. - E o soldado ? O soldado póde ser feliz ? - Tanto quanto qualquer de nós. O soldado cumpre o seu dever militar. E' elle que zéla p ela segurança da ord em social, afastando os maus elementos exis tentes em todas as sociedades humanas, ainda as mais civilisadas, e está a ,todo instante prom– pto a partir para a guerra, se a Patria fôr arrastada a um con– flictó armado. Assim, moralmente, o soldado é um _ente feliz sem– pre que sabe rigorosamente cumprir o dever inherente á sua profissão. Mas o soldado não é, talvez, por cer tas r azões, um caso exemplar. Poder ão dizer-me que elle é a pago e faz 0 que lhe mandam». Será, portanto, um caso á parte, salvo quando se trate de uma guerr a. porque então todos, indistinctamente, ter emos obr igação de ser soldados e defender a Patria, ainda á custa do nosso sangue. A verdadeira fe licidade emana do de– ver cumpr ido sem obrigação exterior, isto é, sem que uma força extranha a nós pr oprios nol-o imponha de maneira auctoritaria. Nestas condições, para que eu me considere feliz e experimente orgulho de minr~ felicidade, é necessario apenas a intervenção de minha vonfad essoal, que a consciencia de- meu dever enca– minha regul armen, sem a minima violencia. Por exemplo: qual seria O meu dever se encontrasse numa estrada deserta um . dobr e cego pres tes a despenhar-se num fôsso ? O meu dever seria

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