Revista do Ensino - v.1, n.3, 15 nov 1911

138 REVISTA DO ENSINO -··- - médica do Porto, sua tbése é uma monograpbia de r,bilólogo, antes que de medico. 1) Após uma série de excellentes trab'.tlhos, 2 1 no quadrante da vida, frequentou cursos especiae-s na. Universidade_ d~ P aris, do~torando- ~e em philologia, e escrevendo , de então, these pn mas sobre a d1alectologi11. portuguesa. 3) • Não é de meu intui to esboçar a e.voluç,à.o mental df\ Leite de Vas- eoncellos, través sua obra de erudito 'e de escritor. Desi'alleceria na j or– nada ; pois que exegeses taes exigem que os conhecimentós do crítico, como um justilho ao cor po ' qu" plasticiza, venham ~ modelar em todos os seus contornos, marcando saliências de relevo e reentráncias fugidias, a cultura do criticado. Conheci Leite de Va· c.oncellos num acontecimento bem sin gul a_r. P us. sava eu, a qtmndo o encontrei, uma sêcc!l, e morosa poisada lá par a os fundos do 'Minh o, em Melgaço. ó milagre que as agua a\li costumam produz ir, só devo o de conhecer felizmente o autor da Philologia Mi randesa. Por uma tarde cheia de frêmitos arden tes, em 'que o sol n,bria sulco-. sangrentos na cabeça dos monte;,, devorando o espinhaço das errania>' , e toda. vegetação asphyxica pnrecia uma súpplica ás do çuras das noites estivaes,– &aía eu mail-o dr. Alvarin ho, (lente que era da Universidade de Coimbra) duns sil vedos, quando, á volta do caminho. se nos deparou um homem d'as– pecto aldeão que, repoisaclo affavelmente num varapáo, discreteava com um camponês. Passar-me-ia despecebi.do o ty po, na simpleza do seu traje, e no homogêneo de, sua expressão com a paisai;em do lugar. O dr. Alvaro falou-lhe, porem. Nesta altura da narrati.va , eu devo acrescentar que palestravamos so– bre a prósodia portuguesa e a diulectal do Brasil. Sem po isar maiormentc minha attenção sobre o homem que pedia arrimo ao cajado e con tinuando na testilha, avancei com exaltada convicção, dum extrênuo patriotismo , embuçado numa fin gida e mcttediça erudi ção: -Essa fo rma (já me não lembra o caso) é um lusitanismo do sé– cuío XV, que º" con quistadore5 dei.xnram no Brasil , vivendo ainda Já,, pho– neticamen te, e já se tendo modificado morpb ologicame\1te em P or tu gal. -Mas porque soffreu essa cvolu<;,ão histórica? - argue, com terrivel naturalidade, o camponês. Mal me con tive, e me avim no meu espanto: c sem r eflectir, como autómato da surpresa, em quedas de attenção raciocinante, tartamudeei vagas e quebra_diças explicações. 1) A evolução da linguagem, Po1·to, 1876. 2) Estudos d~Philologia Mirandesa, 2 \ol~.- l!l00·100!.-Te:i;to3 archájcos, 2• ed. 1908 ._ O d_r. ·- Storcl, e a ~i ~erattm i Portuguesa, 1910.-Eiisliios E thnogl'áphicn, 4 vols.- is 91 _1910 _ R eltgioes da L usitama, 3 vols.- '.l'i-adi(:ões Popula1·es ele Pol'lt,gal 1882 - E st ,, ,, h ' , . . ' · u...,os ...,e p i lologia gallega, 1002.-0 Lwro de Esopo 1006.-A philologi'l Portuguésa 1888 - 0 t t d - ' ' • e.:x: 0 os L usi adas 1890.-,\lém desses prlncipaes, outros trab alhos h a publicado dirigindo · d . · ' , ( 11 ã •1i ' ain 11 o Archeologo Portugi;es co ecç o I ustrada de materiaes e notfoiae ) 15 volumCls e n . h . d t d h' l ' a ... evista Lusita-na ( are 1vo e es u os P L ológicos e etbnolõgicos relativos a Portugal) 13 1 E , vo umas. 3) BQO!S6R D UNE D tALBCTOT.,0011> P OR.TOOAISE, Paris, 1901 .

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