Revista do Ensino - v.1, n.3, 15 nov 1911

154 REVISTA DO ENSINO .A.o fim dessa primeira fase, estava o globo inteiro coberto d'aguas pouco profundas, e no leito daB quaes se hav iam dopositado as matérias que acabamos de descrever; e n,pareciam por quí por lem, cumes ainda n~tO im– mersos dos picos graníticos, e cujo conj uncto parecia formar um va to ar– cbipélago. iras n:Lo permn,n~ceram as coisas longamente neste estado. A crosta consolidada era por demais fnígil para resistir aos esforços das vagas sub ter– ráneas da matéria derretida, e ela qual somente a superfície se havia coagu– lado. Para logo se seguirem es~1antosa deslocações: em todos os sentidos raohas, fondas se formaram, :~través das quaes a matéria em fusrw abriu caminho ; os cimos, as ilhas do novo archipélago abysmaram-se successiva– mente no vácuo que se hav ia escavado em suas bases , e ao mesmo tempo, os te rre11os elo foudo do m·ir revolveram-se agitadamente, constituindo assim novas ilhas, que des ta vez, não foram exclusivame nte graníticas, mas por cima do granito, apresentaram cama<lRs dessas r ochas schistosas que se haviam formado,-dissemol-o já, no fundo do primeiro oceano. Em seu novo leito, assim modificado, depositaram as água ainda uma vez novas matérias que em determinados pontos passaram de novo ao estado sch istoso , e se foram convertendo em ardó:lias notáveis pela sua côr verde. Mas foi de curta duração este momento de descanso; novas deslocações, ·produzidas pela mesma causa, levantaram as e ·tilhas <l esses novos terrenos acima das águas: resultaram novas ilhas que, alem do g ranito da primeira camada. schistosa, apresentavam tarnbem uma camada dessas ardósias verdes ul tima– mente formadas . Em algun pontos então, as águas, pela primeira vez, começaram a depos itar matérias calcáreas que por mais leves, deviam necessariamente de ser as últimas a se precipitarem. E' este o calcá1·eo de B ala, assim deno– minado pelos sábios })Or ser o nome de um dos lagos do País de Galles, onde elle abunda numa certa ex tenção: breve tambem elle se se alevanta por um novo catnclysmo, ma1l- as antigas rochas sedimentárias sobre as quaes elle se hav:ia depositado. O leitor nos perguntará sem dúvida como sabemos toclas essas cousas. Responder- lb e- emos que não as sabemos senão ha bem pouco tempo ; pois foi um dos nossos maiij illustres contemporáneos, o Sr. Elie do Beaumont, que em primeiro Jogar soube decifrar e;;sas mais antig-as páginas históricas no o-rande lin-o da na.tu.reza. Vamos tentar resumir cm algumas palavras os princípios que serviram de base ás suas brilhantes theorias. As camadas rochosas que compõem as montanbas,-excepção feita do granito, de pórphyro e das rochas el es a mesma natureza, foram todas depo– sitadas pelas águas. Isso nol-o demonstra a presença de conchas marinhas ou lacustres que a maior parte dessas camadas encerram. Mas toda matéria que se deposita no fundo das ág~as ~empre se dispõe em camadas horizontaes : assim pois, toda ca:11ada que se_ mclmou, fel-o por :1ma ca~sa qualquer, que a l evantou num sentido ou a abaixou num outro, .e amda mais, que agiu simulta– neamente nessas duas qirecções coutràrias. Por si mesmo, o phenómeno é de tal fórma evidente, que nem neee~sita demonstracção.

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