Revista do Ensino - v.1, n.2, 15 out 1911

116 REVISTA DO ENSINO educando, portanto; a outra, a arte em q~e d~. ordin~rio o exercitam, põe-:oo no trato assíduo das coISas ferns, estirpan– do-lhe o instincto de belleza, que por vent~ra lhe vel_asse o somno da sensibilidade artística..-A nossa v1da é despida d~ conforto; o gosto popular reveste-se aínda duma irritante remi- niscência atá vir-a. • Esses conceitos vem átona para assignalar as vantagens que trazem á educação pública os certamens d'arte. E ·não sabemos de actividade mais nobilitante nos tempos modernos que essa de . emprehendirnentos tendentes á missão civiliza– dôra do espírito nacional. E' do mais encorajador resultado, a tm·ceira exposição escolar d&desenho e p'intura, inaugurada a 7 de setembro findo na sala de honra do Theati~o da Paz. ' Annos passados, julgar-se-ia urna idéa in sensata a crea– ção de exbibições annuaes desta natureza. E' incalculavel o summo benefício que trará ao desenvolvime1lto do gosto e á faculdade de critica, estas expo!',ições. E mais que d'esta feita, nas anteriores, o certamen se apresentou tendente a cumprir o seu papel educadôr da juventude.-Sobre trabalhos desta or– dem a annotação deve ser antes de feição geral , pairando na esphera estbética, que propriamente analytica, descendo a lidar na téchnica do desenho pictural. . A'nda assim, obser_vare1:nos que nos trabalhos exceptua– dos distin ctnmente pelo Jury Julgador, os de dd. Estrina Costa, Lourdes d'Oliveira, Maria Ferreira e de Floduardo Costa me– recem destacados. Nos primeiros se poderia notar, sem nelles tachar maior ?efeito, qu~ ::t decora9ão aínda é equívoca e o ,desenho sem Justeza decis1v=: As flguras, porém, já começam a vivêr, á luz duma expressao que o tempo, a frequênci::i no man~j o ~o pin~el, a educação do olhar na sciência da perspectiva, a ma10r mtrepidez em surprehender o claro-escuro a acuidade específica, a famili~r:iclade quotidiana com as tinta~ na riqueza dos valôres c~romaticos para um _par entesco mais proximo en– tre as gradaçoes de lu~ e o colorido das sombras,-farão mais exacto o ~oqi~e, _apropriand~-o á essencia das 'coisas, empres– tando assim as imagens ma10r largueza no movimento, outra i11umin .1ção, accord s com o estado expressional que. se lhes quís emprestar.. . Nos dema1s trabalhos, quer de simples contorno linear quer de plantas ornamentaes, ha promissoras incipiciências' tacteios juvenis que promettem. " «Os alu~m?s que_Ade~ej'."-~ progredir, esreveu mestre Leonardo da Vrnm, na ~c1enc1a imitadora das figuras da natu– reza, devem ser attenciosos, no_des~nho, á sombra e ás luzes que co~vem ao logar onde e!':ta~ ~ltuadas as figuras.-. Guar– dando estas palavras_do grande s~b10 da ~en~scença, os jovens expositores deye_m n_ao esquecer que o pr1me1ro signal de vida na arte é a or1gmahdade.

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