Revista do Ensino - v.1, n.2, 15 out 1911
REVISTA DO ENSINO 115 Quem os examinar berri virificará a differença de caracter que entre si alguns apresentam. Rec'lnhecerá que, embora produzidos sob a influencia d'uma direcção commum, não foram traçados por uma só mão. Nota - se já a tendencia parn a individualidade, ori g inada pelo cons– tante estudo do natural, sem se fi car perp<>tuamente acorrentado ás formulas, preconcebidas e obri g-atorias d_o ensino ministrado, comeyando do mesmo passo a esboç11r-se as aptidões espeliiaes. Presumimos que deve ser esta a unica orientação de toda a educação artística, para ser solida, racional e fecunda. . ARTHUR LOUREIRO jllótulas d'Arte Exposi ç :io escolar de Desenho e Pintura A um observadôr de nossa vida social , que embraçasse a totalidade de sua expansão activa, tanto nos emprehendi– mentos, fundações, como na elaboração de minuscularias,– uma verdade mui assentada se depara: que ao brasileiro só uma coisa falta- a educação . E a esta palavra se deve empres– tar, aqui, o lato sentido que lhe dão ingleses. De facto, não é ingénita aptidão, nem mallogro manual, tão pouco retardo na iniciativa, que nos antolham o caminho, entai.·decendo a peregri– nagem na esteira do prog resso. Os nossos artistas ou arte– sões têm quasi sempre perícia téchnica, desdobre de imagi– nação creadora ás vezes, zeloso esmero no amanhar e dispôr o conjuncto do feito ou fabri cado; mas fall ecem-lbe o gosto, a sci éncia disciplinada r.las proporções, o presentimento immediato do bello, ou simpl ~smente do boni to e gracioso ; desconhecem o segredo reveladôr da harmonia' expressiva, não têm emfim, educação estkética. No entanto, esta educação artistica, tão des– curada de gove rn antes, é o factor mais efficaz de nossa melhoria industrial, a par elo al evante de nosso senso intellectual. A defici éncia do di ~ce rnimento esthético em geral, nos traz a pervessão. do sentimento _do bello. Tudo applaudimos com o mesmo ind1ffer ente enthusiasmo . Sendo a selecção um producto do espírito de anályse do observador, raramente a pratica o brasileiro, solto nos êrros, pois que, a uma, a critica dos entendidos é de lisonjaria ou de invectiva peblé.a , não
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