Revista do Ensino - v.1, n.2, 15 out 1911
68 REVISTA DO ENSINO randes e irnmacul ados escritôres. J ama!s se vi1:1 g~e dialectos t xasssm a prosódia ou a syntax~ das lm~u•~ m~1s ( 1 )_ o di alecto é um g alho da arvore, nao e a arvore . e só vive da seiva que as raízes des ta absorvem no sub-solo fe- cundo da terra natal. , . Or a a nossa língua é a dos nossos antepassados etbm– cos, a dos nossos descobridores; só aos lus,os _cabe o dever imprescindível de dar-nos o modêlo da prom1;ncia normal _do português. As inevitáveis alterações de q~ant1da?e. pros?d1ca das syllabas, re~ul tantos . da tr ansplan taçao do 1d1oma J?ara outro mêio phys1co, do mfl uxo de outras correntes soc1aes, nunca serão de molde a alter ar a ac~entuaçã?. orthoépica_ da língua por tuguês a· na sua expr e~sao phonet1ca, que, d1ffe– rençando-a d~s d_emais lín&uas congêneres, a caracteriza n um typo linguístico mconfund1vel. Nem por amar "fingir grande negócio em conta de pouca tomo", mas sómente por impensado gr acêjo, pode compre– hendêr-se o scisma que quís abr ir o acadêmico brasilês na nossa linguagem commum. A tão insóli to rAba te acudiu aliás, com veheméncia e viviclez, o e~·udito phon etista au tôr do Vo– C'l,bulár i o Ortográfico : « Não convem pois g~neralizar-se a Por tugal a reforma brasileir a, quando contradiga, como d_es t~ 1!1 ~do co~tradirá, factos glóticos pr óprios do reino, e que pertencem_ a h1s!oria da lu~gua po r tug uêsa, nele desenvol– vida : e nenhuma das c~ms1d eraçoe_s que na impr ensa da grande e próspera República tee~ a_par ec1do, co~ o mtento. de_ coloca~· o português de Portu– gal na dep~nd~nc1a ~o J?O~·tug~e~ do Br as!l, e plau~1vel ou aceitáve , mesmo no ponto _d_e v1 st! filol_og1co, umco que de".e ser ildo em consideração para 0 caso su1 e1to. ~ ao o e, ~elos mesmo~ ~otivos pelos quaes nem O inglês elos Estados-Urudos do Nor te da Amenca, nem o cas telhano das v árias ua– çõe de ori&"em espa r~.l10la, es ta~elecif:las _em todo o con tinen te americano, podem ser"'.ir d_e pauta ou dar ] eis _ao mgles_ ou ao castelhano da Eu ropa. Sôbre tam mf und_adas ~retensoes e convemente que se tenha em attenção 0 que a tal _respeito luc1damente ~xpus~rall: Guilherme Dwigh t Whitney e J orge Perkms Marsh com r elaçao ao mgles, e Rufino Cuervo acêrca do castelhano, apesar de ser e1;11 todos tres das pr imeiras auctoridades nesses idiomas e todos tres amen canos. • 'A ALMA MATER cc>ntinuará a ser para o português Portugal como para O inglês a I 1_1g~ater ra, co~o para .º, ca_stelhano a Espanha, emquan to es tas naçoes subsistirem; e mu itas, mu1t1ss11nas alterações e importan t:ls- ( t) Aq ~1elle lucidíssimo espirilo que foi Herbert Spencer, aftirmava, uum interas santa artigo, indignar-se: " com as corrupções que seu idioma natiyo ■otfr-ia na Am!lricn.' (Faits et Comment-aires, traa. franc. p. 19/. - E mais particularmente, em referência ao que se convencionou de chamar diale· elo brasileiro, escrove virtuosamente Ruv BARnosA: "Dt:pois e..ttão que ~e inueiitou, apadrinhado co,n O nom~ in igne de ALENCAR, eoutros menores, o dialecto bn sileiro, toda~ as mazellas e corrupte– las d.o idioma quenossospaes ~o_s herdqram, cabem na indulgência plenária dessa forma da relaxa– ção e do de3preso da gramm.atica e do gosto. Aquella' form.osa man~ira de escrever, que delet– tava os nossos 111aio:es, passou a ~er, para & orelha destes seus t>'istes desce11dentes, 0 IYPo da i n.elegancia e obscund-ade. Ao sentir de tal ge>1te, quanto mais offe11der a linouage11t 011 mode- 1.oa clás~icos, ta11to:_mais melodia reune; quanto :mais di1tar do bo,n po,·tuuuês. mai, luminoai– dade encer.-a." - R tl>LIC.t. ÁS DEUSAS DO Oõnxoo CiVII:, pg, 181.
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