Revista do Ensino - v.1, n.2, 15 out 1911
_.~<~...: .... ·,··. . , REVISTA DO ENSINO 91 ticas parallelas ao g rande rio : a primeira, relativamente secca, com verão í'orte, acompanha a planic~e de alluvião do Amazonas ; duas zonas ( uma ao Nort~ e uma ao ~ul ) hum1das mesmo no verão e cobertas de g randes mat– tas virgens com n cos castanhaes, seguem-se á primeira até uma distancia em poucos p on tos conheci da e certame11tc variavel conforme as localidades; nas duas zonas exteriores, que vão no Norte a té a fron teira das Guyanas e no Sul até p on tos desconhecidos do Mattog rosso, alternam as mattas com cam– pos e o cl(ma é mais coo tinen tal, com g randes amplitudes de temperatura) e fraca humidade do ar, pelo menos no verão. Destas duas ultimas zonas, a do Sul pare~e ser muito mais affastàda do Rio Amazonas do que a do Norte. Sobre o clima do R io Negro que é muito chuvoso em seu curso mé– dio e superior, temos informações pelo conhecido ethnog raph o dr. 'rheodoro Hochg rünberg ( « Zmei J ahre witér den I rzdianern >, 2.° volume, pagina 325 ). P erto de São Gabriel, na região encachoeirada, em meia.dos de junho as precipi tações de agua começam a diminuir, e apparecem ás vezes 4 a 8 dias de friagem : vento Sul com chuva fin a e temperatura baixa. Julho, agosto e setembro têm trovoadas com chuvas fortes, porem pasaageiras ; ou– tubro a dezembro, o verdadeiro verão, têm ás vezes semanas sem chuva. F.:m j aneiro e fevereiro apparecem trovoadas com chuvas fortes, que deter– minam repiquetes do rio, cuja vasante attinge seu maximum de dezembro a j aneiro. Fevereiro, março e ás vezes abri l têm ás vezes séries de dias de sol, mas tambem muitas chuvas fortes e prolongadas. Abril e maio até ju– nho são mezes de chuvas quas i dia.rias, que começam durante a 11oite ou pela manb an, continuando mui tas até o meio dia. A cheia do rio costuma ser maxima na segunda met.'Lde de junho. - Como se vê, o inverno começa mais tarde .e ter.mina tambem mais tarde do que no Baixo Amaz onas. L em– bro- me que em 1905, tendo sabido em 1.° de junho de :Manáus com bellis– simo tempo de verão, vim encon trar inverno fechado em Barcellos durante quasi todo o resto do mez. _:_ O clima de Manáus lembra nos traços geraes o do Baixo .Amazonas, porém o inverno prin cipia mais cedo ( dezembro j á costuma ser um mez de muita chuva ) e é mais intenso. O relatorio da com– missão de estatistic_a de 1898 dá como altura média da chuva em Manáus 1657 millimetros po r anno ( Le Cointe, obra citada, p. 455 ), o que ao meu vêr carece ainda de confirmação, parecendo-me pouco. Quanto á tão deba– tida questão da temperatura de Manáus, posso affirmar ser ~lia mais elevada do que a de Belem, excepto nos mezes de junho e talvez maio e mesmo abril; ella parece mesmo superior á _de O~idos, a qual ~'... como j á provei, superio~· á da capital paraense. - O baixo Ri_o B ranco, ~-eg1ii:o de mattas e lagos, tera provavelmente o me smo clima hum1do do médio Rio Negro, porém os cam– pos geraes do a.lto Rio Branco poss~em um ~li?1a muito_ div_erso, mai_s guya– nense que amazonico; segundo diversos viaJan t~s scient1ficos, o mverno dura ahi de fin s de abril até julho e agosto, cahmdo nes tes poucos mezes cêrca de 2000 millimetros d'agua; o r esto do anuo é verão for te, excepto novembro, em que alg umas chuvas costumam até determinar um repiquete do rio. .A Oeste de .M:anáus, mais ou menos na altura da bocca do Purús, começam a accentuar- se os caracteres physicos da região chamada por mui– tos o e.Alto .Amazonas>, região de florestas por excellencia e conseguinte– men te humidiisima. No Solimões, em T eflé o mez de agosto costuma ainda ser de mui to sol, mas da fo z do Jutahy _para cima as estações são quasi só mar cadas pela ench ente e vasante do no, havendo chuvas prolongadas em qualquer mez do anno. E sta zona extremamente chuvosa comprebencle tam– be11: o baixo J avary, mas não alcança, no Amazonas peruano, a cidade de Iqu1tos, onde pelo menoi o mez de agosto tem séries de muitos dias sem
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0