Revista do Ensino - v.1, n.2, 15 out 1911

REVISTA DO ENSINO 85 Roméro, que sobrevivendo á epoca revoluciona.ria guardou a maneira da reacção em que se iniciara propagandista. A fraqueza da cultura exist ente facilitou a tarefa dos moderni– zadores . Além das falhas e insufficiencias do professorado , a escolas– tica fazia depender os phenomenos da emanação divina ; estacionaria , t olhia a liberdade de pensar. Elia crearn, d'esta arte, nma situação apathica de differença. Os espiritos passaram a dessedentar-se nas fôrmul as dos modernos princípios. Dabi por - di ante elles começaram de representar as me mas cert ezas, e esta convicção, para muitos, não significava senão a liberdade de pensar, adquirida por uma gra ça sur– prehendente. A propaganda completou-se pela divulgação dos livros extran– geiros . As theorias materialistas são, sem duvida, mais susceptiveis de popularidade, e mais facilmente molda.veis á literatura . Um histo– riad01 eminente observa que Büchner agia sobretudo, por um estylo claro , agradavel, cheio de verve «Cette li tterature, accrescenta, a sur– tout du mérite à cause de sa tendauce ·vulgarisatrice. Elle a repandu dans le gran el publi c une qnantité de connaissances (1)> Os princípios reaccionari os, em breve, dominarn.rn a educação intellectual. O movimento não influi ra partt crear-se urn maior culto, que d' antes, n, phil osophia. Contra ell a, ainda, as novas theorias eram de natureza a reagir, pois que um dos fins elo positivismo era a ex– tincção ela metaphysica. Asssim a mudança de regímen político, que se fizéra sob o influxo da orthodox ia positivista, acarretou reformas do ensi no publico, em que desappareceu o estudo da philosophia. Ape– nas a logica figurou a inda nos programmas officiaes , at · que a ultima i'eforma fêl-a desapparecer . (2) Do estudo ela logica não ba fructo a.preciavel ; sem duvida. elle partici pa dos defeitos do ensino, accentuados no regímen republicano. O snr. J osé Verissimo dá uma noticia fiel do estado da instrncção em nos a epoca, que fóra da letra dos programmas, tem o estorvo de óbices desorganisarlores. (3) 1 ~ os t empos monarchi cos, escrevia Agassiz, a educação intellectual no Brasi l era mais uma t endencia que um facto (4) ; em nossos dias a observaçã,o do sabia naturalista continúa a exprimir a verdade. ão só nos programmas officiaes, mas, na realidade, o ensino da pbilosopbia desappareceu inteiramente. Os doi s professores propa– gandistas não eram philosophos; nenhum d'elles seguia uma ordem methodica de ideias, ou abraçou J ecisivamente uma única doutrina . Os problemas philosophicos não entram nas suas cogitações, limitadas ás theorias materialistas. O snr. Sylvio Romero declara que «o seu sys- (1 )-IfõFPD1i<a - Histoire ele la Phi losiphie 1noderne vol. II, pag. 523 (2)- 0 Conselho Superior de Ensino recentemente reunido, pela primeira vez, deliberou que entre os estudos exigidos no exame de admissão dos cursos superior es, constem a psyeho• logia e a logico, divergindo elo progromma tra,}ado pelo go verno para O Gymnasio Pedi·o II , (3)- A Educuçüo Nncionul- Prefacio da 2• edição.- [, )-Ob. cit., pag· 246

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