Revista do Ensino - v.1, n.2, 15 out 1911

84 REVISTA DO ENSINO ao Collegio Pedro II, e ás suas palavras junta uma nota interessante, sobre o seu amigo e companheiro de propaganda das novas ideias . « E' preciso entretanto observar que n'es·sa epoc:1 (1874) o Colleaio Pedro 11 não contava no seu corpo docente o 111s1gne ta– l ante°de Sylvio Rornéro que é alli presentemente profess or de phi– losophi.a . ~1as tambem aproveito a occasião para dizer que Sylvio Roméro mesmo ainda me serve de prova do nenhum va lor qu e tem no Brasil os estnrlos rh ilosophicos. A influencia mesologica foi per– niciosa ao Ul nstre professôr . Reconhecendo a impossibilidade tle uma reacção benefica elle vil!--se obri gado a ser rotineiro, a ensinar so– mente pelo esterilissimo programma da philosophi a official. O resul– t ado era inevitavel : das materias que elle cultiva é hoje a philoso– phia a que talvez men'os preoccupe o seu elevado espírito. ~ (1) As velhas ideias ensinadas no Brasil deveriam soffrer o embate de modernas theorias materialistas que flore ciam na Europa, e cuja eclosão era uma consequencia natu~al do empirismo apregoado e usado, sem tregoas. O methodo experimental operou um movimento tendente a evidenciar, como doutrinas definitivas, certas ideias que se encontravam nas primeiras manifestações da philosophia, ainda na confusão inicial da mythologia grega. O evolucionismo, a expli– cação da viela por uma, transformação do cháos llrimitivo, a vasa do oceano produzindo os primeiros seres organicos ; e las noçõ s deviam resurgir expontanea~ent(:I já sem o manto_mythico, e servindo já para combate da theolog1a, com o desen:7ólV1menlo do methodo experi– mental e com o _fructo das suas pesqu1zas, que accentuaram o conceito da substancia como inher ente á materia, tornando-lhe equipollente. .I?oi imme11:so ? progresso do emp~rismo dan~o logar á appa– rição de novas scienc1as, e a sua fecundidade fez v r o pensamento do passado como inferior e. d.espresiv~l, e o maior merito, que nem todos lhe reconheceram, foi d.e ser v1Sto como tran sitorio e como preparo para as procuras em que se absorvia o espirilo na região da Physica . Est e movimento deveria chocar-se, pouco a pouco com as nossas ideias escolasticas_. A divulgação das theorias experimentalis– tas fez-se, d.e accaso, ; ap1dament~,. pela J?ropag3:nda ele dois professo– res, que lançaram n cm manem smo mtrans1gente, de encon tro a nossa apagada cultura, as novas doutrinas - positiva, evolucionista monista,- aspectos varios em que se desdobrou o materialismo. ' .Diante d.3: n?ssa im~o.bilidacle scientifica Tobias Rarrelo era um aa1t:1dor <le ideias. A cnti ca deve_nelle Yer mais a realidade da iufluenc1a que d_as ob~as. Estas sa~ fragmentaria s, colhidas nos pensado~es ~llemaas mais. recentes, e 1~çadas_elo proposito de enca– rar a scienc1a fi:anc~za e mgleza como macceit~veis ou mediocres. A conquista ª. mais directa de ?ªª propaga1:da_ fo1 a reforma do pensar jurídico namonal pela vulgan sa<;,ao das ideias dc1, escola de Rudolf Von Ihering.- A' acção de Tobias Barreto seguiu-se a ele Sylvio (i) Estudos Allemtie,,- :Recordariío ele Kant. pau. 511.

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