Revista do Ensino - v.1, n.2, 15 out 1911
REVISTA DO ENSINO 83 s uperior, ella deve influir nos espiritos, ele maneira a produzir ·crea– ções originaes. Em nosso paiz as agitaçõ es sociaes ou politicas, de– masiado intensas, ensobrêam os éstos da viela espiritual, e entravam a sua repercussão. Nutrimo-nos, apenas, ela esperança de attingir a felicidade. A nossa primeira educação intellectual foi theologica; ao clé– rigo coube o des tino d.e, ainda em colonia , familiarizar-nos com a scieucia . Até os tempos monarchicos era grande a influe ncia ·c1a edu– cação sacerdotal ; cuidando o Estado de ministrar directamente a sciencia aos cidadãos, resentiu-se, por muito t em~o, o ensino philoso – phico da impregnação da theologia . A igreja proclamou a doutrina d.e' S. Thomaz a verdadeira doutrina. E no coll egio D. Pedro II trans– fundia-se a ordenação papa,1 no programma e no ensino da cadeira, o que era a conseque.ocia da adopção pelo E stado de um culto re- ligioso. · Fechado o cyclo medieval, avançado o conhecimento até Kant , o destino da escolastica era de debater-se entre as ideias da philo– sophia, cuja aurora de renascimento teve o SAU primeiro clarão no cogito de Descartes (1 ). Entanto, o predomínio da escolastica não foi sinão uma causa secundaria no fraco evolver do nosso pen– samento . Si um cent ro de cultura elevada surdisse d' entre nós, as ideias transbordantes offusca.riam a doutrina estratificada da media– iclade. A cau sa primacial fora. o proprio caracter da instrucção em geral, e o ensinamento, n 'um nivel sempre inferior , de uma doutrina tão insigne como a philosophi a. Os sacerdotes catholicos que a professavam eram, em regra, 5eres desvalidos de uma iniMligencia superior. De observações colhi– das em 186õ e. 66 um grand e sabio nos dá preci sa noticia da quali– dade desses homens : <r il n' exis to po.int au Brésil une classe de prê • tres laborieux , cult ivés, comme ceux qui ont fait l'honneur eles lettres dans l' a ncien monde; on n'y trouve aucune instruction cl'enseignement d'un ordre el , vé se rattachant à l'Eglise ; en gé– néral, l'ignorance du cl ergé s 'étend à tout ; son immoralit é est pa– tente, son influence étendue et profonclément euracinée . Sans doute il y a des excéptions honorables, mais elles sont en trop petit nombre .. » (2) 'fobi as Barreto <.lefii 1e o valor da cultum philosophica nos tempos monarchicos. A philosopia, cü z ell e 1 nada mais era que e nome de um preparatorio , e vehiculo, como tal, parn, admissão nos cursos superiores. ~ Fóra disto, con tinúa, ninguem ha que se interesse, que tome ao serio qualquer esforço de applicação e cultura philosopbica. O ensino dessa disciplina , publico ou pa r~icula r, é uma cousa misera, e fri vola em sua miseria.. » Em seguida o juris ta brasileiro refere-se (! ) DESCARTES reconheceu a realidade do eu pela realidade do pensamento. E' o ponto de partida da sua philosophia: cooito, eruo smn. (2) M. F.T u.m• AoAssiz- Voyaoe au JJrésil abregé ru,· la ti·aduction Vogtli por J . B.-<k - Laimay. paes. 2t6, 247. /
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