Revista do Ensino - v.1, n.2, 15 out 1911
REVISTA DO ENSINO 79 observações sientificas, chegaremos á conclusão de que o que ahi se affirrna é, de facto, axiornatico. Os grandes rios que cita– mos no começo desta~ linhas e · que offereçem o typo normal na formação deltaica, embora estas affectem formas diversas– no Nilo e ·no Lena- triangulos de bases co~vexas-, no Missis– sipi-rnão espalmada ou pé de gallinha-, no Ganj es-tubos juxtapostos-,todos elles trán_sportam d-esde ' as fontes-grandes lagos na Africa e nos Estados-Unidos, degelo nas montanhas da Siberia-, chuvas equatoriaes e influencia das geleiras no Hymalaya-, espa11tosas alluviões para tributo do Med iterra– neo, do Mar de Nordenskjõld, dos Golphos do Mexico e de Bengala, no Atlantico e no Indico. As costas destes r ecepientes marítimos são baixas, semeadas de lagunas, obstruídas por bancos de vasa e areia; pouco profundas as aguas marinhas; quasi nulla a acção das corr entes littoraes·; regularíssimo ·o regímen de marés, não se conhecendo grandes oscillações, que distanciem extraordinariamente a prea-mar cfa baixa-mar, como soe acontecer na costa americana do Pacifico ou em certos pontos do li toral j aponez. · Em relação ao Amazonas, todas as condições essen– ciaes á formação dos deltas concorrem . em proporções mais gigantescas que em qualquer outro valle do mundo. Mas, com o mediter raneo das florestas brasileiras do septentrião, ve– rifica-se uma serie de factos só a elle peculi ar es, de , modo a tornal-o um typo aparte nos systemas bydrographicos do planeta. Antes de chegar ao oceano, o Amazonas désemboca n'um mar interior, que é seu vastíssimo estuario, com um volume collossal de 250 milhões de metros cubicos por hora e numa velocidade de trez milhas. E' com es ta despesa estu– penda que elle sae para o Atl an tico, produzindo um tumulto sem egual e no seio do qual todos os phenomenos são de uma característica e violenta dynamica indescriptivel. Ante a potencialidade de sua massa, alimentada pelo degêlo dos An– des, pelas chuvas torrenciaes do Equador e por uma centena de affluentes, quasi tão extensos como elle, o oceano recúa em hemicyclo, em sua fóz e as duas massas- o glauco e o flú– men - repellern-se chocam-se, penetram-se, invadem-se, geran– do uma fron teira de neutralidade, onde as materias alluvioni– cas transportadas, ou são refluidas intra-estuario pelas marés de_ en?hente~ou são_diyergidas: tangen?ialmente, já pela pro– pria 1mpulsao do rio, Já pela mfluendia da corrente maríti– ma nord-equatorial, que, regressa das Canarias para o circui· to das Pequenas Antilhas, se incorpora ao Gulf-Stream atra· vés da costa brasileira. (1) Esse material divergente de forma– ção deltaica vae-se depositando lentamente ao I~ngo do li– toral que se desdobra do cabo Norte ao Oyapok e mesmo (1) La Mer-M. F. Maurv pag. 174.
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