Revista do Ensino - v.1, n.2, 15 out 1911

76 REVISTA DO ENSINO sicas, são .desdenhados pelo seleccionamento militar, ficam em paz ~mqua~to · os outros vão á guêrra, casam- se, r eproduzem-se á vontade. A flor da JU– ventude pátria vae perecer em combates sangr entos, para crear ~ lenda dos heroes; o r ebotalho humano, a escória r éfusada fica, s~m. competidores, be– neficiando de sua inferioridade, a prolifera1· e a tra~~m1,:t1r aos de_scendeutes todas as fraquezas, todas as taras , toda a sua orgarnzaçao enferm1.ça . . F oi porventura pela selecção militar que à França deveu _a águ~a .n~· poleónica, ao mesmo passo que o ácme de seu esplendor guerreiro, o m1c10 de sua decadência. . . Hispanha e P ortugal estacionaram devido ás suas conqrust as. Para tomar .pos!le das novas terras, em briga cQm os natnrae_s, perderam gente mui esforçada e valente. Sem excesso de popul ação , o pais ficava desfalcado com a leva contínua de emio·rantes . Se, em comêço, fôram ga!P.s e mar afo– nas a povoar os mundos desc~ber tos, logo após a ambição de riquezas ,_as len– das do Eldorado dirigiram para as r eg iões americanas os h omens mais cora– j osos, enérg icos e empr ebeuciedor es. A r espeito da Hispanha ( e quiçá de Portugal ); Galton tornaa ques– tão mais complexa. Nesst período, 'quási todos os homens distinctos, qu~ ~e entregavam á meditação e á cultura do espírito, não tinham outro refug1_0 senão a Egreja, que, exigindo o celibato, exercia uma influência das ma1~ funestas sobre cada geração successiva. Fni duran te c11sa épocha que a Inquisição prçcurou, com extrcm.,do dcsvéllo, para queimar ou prender, os suj eitos mais indcpeudentes e auimosos. Só na Hispanha, homens que faziam parte do escól da nação, - os que interrogavam e duvidavam, pois sem a dúvida não ha progresso_:, fôram eliminados durante tr':ls séculos á razão de um milhar por anno. Apesar, porém, desses tropeços, a Europa progr ediu extraor clinaria– mente, sobretudo em organização social e cultura intellectiva, pelo maior diffnndimento da instrucção, pelo es tudo methódico da sciência. O grande princípio da selecção natru-al, que, nus ani 'mn.es , affecta o corpo, influe no hom~m principalmen te sobre o espírito; nosp rimeiros, t ende á comervação da vida, no segundo ao avanço da intelligência, ao refuia– mento da sensibilidade, á firmeza dos actos vo litivos. D'aí, segundo as ex– pressões _de Herbert Spe~c_er, decorr_eu < ~1~ p~·og resso constante para um grau mais elevado de habilidade, de m telligencia e de moralidade_ uma melhor coordenação de nossas acções -, uma vida mais completa. ~ ' P elo desenvolvimento intellectual, o homem desvendou os arcanos do céu, ~stndando a~ estrellas; soube o 9.ue eram o trovão e as tempestades; de– compos e recQmpos a água, que bebia, e revelou a complexa mistura do ar que _respirava.; percorreu a te:ra em ~u perfici e _e pe~etrou-lhe as camadas for~ ma~1 vas; conheceu ~~rns e _faunas d1~ersas, mmucrnndo- as e coordenando-as; ~orJOU dogma_s, codificou Je1s, f~ z o•livro p~ra a 1:e~·~etuação do pensamento; mveI?,tou os i~c~rsos e commod~dades da vida c1~tlizada, to~nando-se feliz pdhdys1ca~eantde, rec:oou as .!ro~ tenf·as doddcbsc.onLedcido e ain·oximou-se da ver- a e, cre n o as~1m a sc1onc1a, onte u . em e o _pra zer espiritual. <Pas– sar seu tempo~ diz lord Brougbam,_ a. es tudar as sc1ências, a aprender O u outros descobn rnm, e a recuaro s l11111tes dos conhccime ntosh u 9, e que, em todas as épochas, foi considerado como a mais nobre O ama~os, e 0 d 1 d c a - 1 A • . mais agra- ave as o cup çoes mmanas... » sc1ência < torna a v ida nào • . a~radJ.vel, porém mais útil, e um sêr racional é obri gado JJO•· tod so mais u a · te ·esse e de d d º · · , · ' ' os os mo- tivos e m r ever, a 1ng1r seu esp1nto para as pe • conduzem tão seg·uramen te á virtude como á felicidade. > sqUlsas que P ela evolução de sua- scnibilidades, nasceu no homem 0 A sentimento esthético, que creou a arte. emoção esthética, que e teve sua orige em

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0