Revista do Ensino - v.1, n.2, 15 out 1911

REVISTA DO ENSINO 75 En tre os selvagens, os indivíduos fracos de corpo ou de espírito são prvmptamente eliminados, e os sobreviventes faz em- se d'ordinário no tar pelo seu estado vigoroso de saúde. Alguns praticam até a se lecção artificial. Quando um bo ttento te, homem ou mulher, não está mais, pela edade, em condições d~ trnbalbar, e não póde prestar nenhuma espécie de serviço, bane- se da sociedade de seus semelhantes e relega- se numa caban3 solitària, a consideravel distáncia do Kraal, com uma pequena provisão de víveres dei– xada a seu alcance, mas se,m que ninguem o assista e lhe venha em auxílio, até que morre de velhice, de fome 01,1 no dente de animaes fero zes (Kolben). E, quando uma mulher dá á luz dois gê~eos, o mais mal.conformado é quási sem– pre exposto ou enterrado vivo. Na América do Nor te, os S iús, Assiniboines e outras tribus ribeirinhas do Mi sur i, tinham o costume ele abandonar aquelles que a edade e a doença punham na impotência de seguir os caçadores (Lubbock ). Muitas tribus de índios pelles- vermelhas, que actualmente estão r e– penidas na conco rrência vital pela preponderáncia. do branco, a despeito da mai heroica r esistência, elevem a g rande força co~poral e a valent ia guer– r eira a uma escôlha minuciosa dos recemnascidos. Lá, todas as creanças de– heis ou mal conformadas são mortas; só os indivíduos perfei tamente robus– tos ficam para perpetuar a raça ( Haeekel ). J á em povos civi lizados, os Espar tanos fornecem um exemplo de se– lecção artificial applicacla ao homem. Em virtude d'uma lei especial, as cre– anças soffriam, log o após o nascimento, um exame rigoroso. T odos os que fossem fracos, doentes ou ale ij ões eram mortos. Somente os infantes hyg i– dos e robustos tinh am o direito de viver, e só elles, mais tarde, se reprodu– ziriam. Por esse meio, não omente a raça lacedemónia se mantinha num estado exce pcional de for ça e de vigor, mas ainda, a cada geração, ganhava em aperfeiçoamento corporal. Se!?'uramente, fo i a essa selecção artific ial que o povo de E~parta deveu esse alto grau de energ ia ·viril e de rude virtude heroica pela qual se ass ig nalou na história da antiguidade ( Haeckel ). Comprehende- se que os povos occidentaes, educados sob o influxo da moral do christianismo , ntio possam praticar semelhante selecção. Ao contrário, as gentes civilizttdas faz em todos os es forços p_ara suster a mar– cha da eliminação natural : constroem-se asylos para os alienados e para os mendi o-os hospitaes para os enfermo ;· desenvolve- se a mainr sagacidade p or conser~a; quanto se possa .ª _vida de cada um, mesmo dos inu teis, e dos_~o– civos sociaes, como os ~rnmnosos. Nesse tentame conservador a med1 cma tem tido o papel predominante. . Mas a medicina contemporánea, assevera Haeckel, por mais aperfei– çoada que estej n, é ainda muita vez impo tente para curar radicalmente as moléstias· está entretanto , mais do que outr'ora, em condições de fazer delon o-ar 'as aff:ecções lentas, chrónicas, por dilatados annos. 0 Precisamente, as moléstias d'esse gêner o,-::-- a tuberculose, a sypbilis, a lepra, a gôtta, e tambe~ _numerosas d~g~neraçoes mentaes e psychoses-, são especialmente transmitt1das por co_n tag10 ou h erança, e passam dos paes · doentes a umn. parte, ás vezes á totah d~d e de seu$ filh os. Estes, por sua ,vez, podem ir, na escola, ou alhures, contamrnar os companheiros sãos. A selecçiio militar, agindo d'nutr? modo mas na mesma directriz, con– corre tambem contrariamente á melhoria das raças. Para compôr os e.xércltos escolhe- se, por um sorteio rio·oroso todos os moços sadios e robustos. Quanto mais vi goroso fôr um home~ mais bem constituído e são de corpo, m~is proba.bili ~ades tem de ir morre; no campo de batalha. Oppostamente, os JOVens debeis, doentes, eivados de taras phy-

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