Revista do Ensino - v.1, n.1, 07 set 1911

,. t-\ Revisl',1 cio Ensino Os pafses novos pouc~ a pouco se vão comp_enetJ.:ando de que a verda_deira fonte v1~al de progres~o da na.910nalidade , reside n a amplitude e ap erfeiçoamento da mstr~cçao popular . A história das g r andes nações, dos povos gmadores, é um testemunho irrecusavel dessa verdade.- Após o advento da República muito se tem desenvolvido o ensino no Brasil: esta – mos, porém, ainda nos pródomos duma gr ande obra humana. A collaboração constante !:l fecunda de cada membro da feder a~ão br asileir a, aberta num mesmo roteiro de perfei– ção intellectual, é um acto de' mor al pública, e de certo, o mais poderoso propulsor da hegemonía do espírito da pátria. F ilhos da raça latina, nós guardávamos as r elíquias dos princíp ios e das máximas dos nossos avoengos históricos, ii.a esphera da educação mental, como leis eternas, dqutrinas ina• tacáveis, na expressão de uma verdade absoluta.-E o ensino en tre nós, antinatural e tbeórico, era o meio mais propício de fazer r etardar o, evolver expontáneo das faculçlades intelle– ctu aes do estudante, de entibiar-lhe o car ácter , desp ersonali– zando-o. As falas r hetóricas elos prog r ammas, de enganadora belleza apparente, vizavam apenas a exercitação da memória que er a então er igida ao nível de fan1 ldade máxima, senã~ exclusiva, na disciplina escolar . Se por um lado tiravam ao alumno o espírito da in iciativa, a capacidade wolitiva de de– cidir-s~ de pron to, de orien tar-se por si mesmo, ensaiando-se emfim nos exercícios constantes do podêr-da-vontade,-doutra banda deixavam a desdem o 9esenvolvün ento minudente da observação, do raciocínio, da curiosidade, da precisão no in– tendimen to da puerícia. Assim, a decoração annulava a per sonalidade consciente da cri ança, o valor moral de sua responsabilidade, desfigurando– lhe quasi sempre as ingênitas aptidões cerebraes. As oscolas– centros de antbipathia da alma infantil-estavam repletas de ser es apáthicos, de au tómatos verbaes, de pequenas máchinas r ecitantes. Só os que vinham v irtualmente predestinados para o triumpho social d a inteJligêrlcia e do carácter , ao influxo de côrren tes hereditárias, sobrenadavam. A experimentação fôra banida como coisa desprezivel; vi– víamos num ámbito de irrealidades illus6rias, fechados numa fé profunda, inabalavel nas regr as e doutrinamento do.s livros,

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