Revista do Ensino - v.1, n.1, 07 set 1911

14 REVISTA DO ENSINO dar N• .Seja N, O, M, os centros nervosos encarregados da ideiação de N, o, M. Figuremos emfim pelas linhas N-0 os trajectos ou vias nervosas em cuja existencia .se baseia a conservação de N e pela excitação dos quaes se explica o seu recordo. · Note-se primefro que a conservação de N não implica a con– servação em carne e osso de uma ideiação consciente: a conservação não é um facto de ordem ps;ychologica, mas um facto de ordem phy– siologica. E' para bem dizer uma minucia morphologica, pois que outra coisa não é a existencia de trajectos nervosos nas sinuosidades cerebraes. o~ recordo, pelo contrario é um é um facto de duas formas : por sua forma physiologica elle é a excitação dos trajectos nervosos de que temos fallado ; pela sua forma psychologica nada mais é que a representação consciente ·do caso passado que nós julgàmos reconhe– cer como já nos .tendo pertencido outr'ora . facto P SYCHO-PHYSIOLOGIOO, isto' (M) (N)/ . "\ .. (O) Intuspectlvamente podemos simplesmente conchúr que ó neces– sario se interponha alguma differença· entre os pllocessos cerebraes da experiencia primitiva e os de sua reproducção. 1 Se pretendessemcs i;eviver um facto passado fóra de todos os seus concomitantes ele então, julgaríamos sem duvida experimental-o pela primeira vez e neste caso adeus, m~moria.. De facto todas as vezes, sempre que uma experiencia se pre– senta desrevestida de todos os caracteres que a sit~am no tempo, credi– tamol-o logo á cathegoria das creações phantasiosas . Mas tal experi– encia se torna recordo, recordo de mais a mais preciso á medida em que a sua imagem, em se apossando da consciencia em que subsiste reveste-se de seus associados e em que estes associaJ].os se torna~ tambem de mais a mais distinctos. Eu penetro, por exemplo, em casa de um amigo, e percebo um quadro suspenso á parede de seu quarto ; minha primeira impressão sensacional é extranha confusa : «com certeza eu já vi isto em algum lugar; mas quando ? onde? como? não m'o sei dizer, o «já vi» fluctua, esvoaça como numa penumbra que me não é possível devassar, quando ás subitas, num atomo eu grito: «já sei. » E' uma copia dos de Frei Angelico da Academia de Florença». Foi necessario que se despertasse em mim a ideia, a imagem da Academia, para que, afinal, a minha visão do quadrQ se fizesse recordação ideQtificada . Assim pois, se nós representarmos por N o obj ecto da recorda– ção é-nos de mister attribuir aq nervoso M-N sua evocação bruta e ao trajecto N-0 a evocação de suas peças de identidade. Sam, portanto, estes trajectos que condicionam a memoria· sua quanti,dade será !uncção, a um tempo, de seu NUMERO e de sua 'PER· srsTENCIA. E sta e uma qualidade nativa 9-a infibra.tura cerebral ou de seu coefficiente physiologico de conservação. I '

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