Revista do Ensino - v.1, n.1, 07 set 1911

8 REVISTA DO ENSINO como conjuncto dos seres creados. Da analyse e explicação dos pheno– menos em unidade passa o espirita a distinguir as varias classes que ella contêm: os phenomenos physicos, mathematicos, morares, religiosos, estheticos. Assim se deduz o caracter e a significação de cada agrupa– mento da phenomenalidade, e a cada um revertem axiomas, hypotheses, princípios, que formam a base do _seu estu~o.. ~s scien?ias especiaes constituem-se quando possuem, alem de pnnc1p10s dommadores. uma serie de normas que permittem uma organisação isolada e parcial do saber. O que, pois, vulgarmente se chama sciencia particular é uma reunião de princípios referentes a certa especie de phenomenos que, organisados, costumam os scienfü:;tas oppor á philosophia. As sciencias especiaes são exploradoras de r elações limitadas e distanciadas do tronco c9mmum do conhecimento. O empirismo parece, por vezes, levar assás longe· a sciencia particular para dar-lhe um ar de independencia, mas esta apparencia é illuspria e resulta do esquecimento do ponto de partida da Sciencia, pois 1 que atraz das experiencias se encontram os princípios que as conduzem e provocam, as relações empiricas sendo sempre relações subordinadas. A separação que parece existir entre a sciencia especializada e a philosoplúa provem de uma convenção tácita, estabelecida em beneficio e por solicitação da pratica. Na realidade ellas não são separadas; ha apenas uma posição inferior corres– pondente a outra superior. A restricção do methodo das scien– cias particulares limita as suas pesquizas, de modo que a mais perfeita especialização significa uma maior r estricção nô estudo das relações phenomenaes. - Emquanto o espírito se insinúa nos meandros de uma classe limitada e apertada de phenomenos, ser– ve~se de princípios decorrentes da metaphysica, que, sobre todas as sciencias especiaes, é a expressão maxima do conhecimepto. Os mai– ores espiri!os _da huI?anidade são ta~b_em os ma~ores philosophos ; ha uma relaçao unmed1at~ entre os espmto~ super10res e a philosophia. Os sy'stemas metaphysrnos ropresentam n um dado momento a maior possibilidade_ da sciencia, a su~ al~ura ~ais eminente. A pbilosophia eleva-se, assim, sobre cada se1enc1a particular, plena e universalizada abraçando e abrangendo inteiramente a natureza. O cultivo da sciencia especial, si alheio ao espírito é a phiso– lophia, toma: ? caracter pratico q~e o _separa d'.1 sciencia, passando para o donnmo da arte. Esse cultivo e productivamente restricto, e é similar á acção do operaria cumprindo as det erminações do archi– tecto (6) . O investigador de uma dada ramificação do saber é levado no desenvolvimento do seu estudo, a procurar principias cada ve~ mais altos; o que ad,em da necessidade que tem o soientista de um apoio para as l~i~ . que alcança e realiza. ~ste a~oio só é en– contrado em defimtivo e seguramente na philosoph1a. São nu– merosos os exemplos de cultores da sciencia, a principio enclau– surados na restricção de um conhecimento especial, ou que se fizeram adeptos do empirismo, que sentiram a necessidade do (6)-A idoia já ora enunciada por Aristoteles. Ot.-Jfetaplly. liv. l onp. I §§ 11, 12, IS.

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