Revista do Ensino - v.1, n.1, 07 set 1911

6 REVISTA DO ENSINO n'este caso, deve acompanhar as locubrações espiritu13:es! e â nenhuma concepção nós podemos emp!·esta~ o cunho ~a veros1m1lha~ça. Não é explicavel a disparidade de ver o passado mtellect ual como inteiramente erroneo e apenas o presente como digno do . cara– cterístico de sdencia. Devemos encarar o pensamento, desde a origem historica sob o ponto de vista da evoliição. A ideia evolutiva· revela que os ' systemas philosophicos mais antigos que conhecemos não são concepções inuteis. O que importa considerar no exame são os elementos varios que os influenciam, os entraves que obstruem ' 0 poder verificador da razão. Não dando, de chofre, soluçá.o aos pro– blemas scientificos, ou não dando uma solução definitiva , não se d1we, por isto, negar ao espirita a faculdade cognoscitiva, inherentc á sua existencia . A prevenção e o repudio que se levantam contra a philo– sophia são motivados pelas insuf.ficiencias e pelos erros dos varios systemas metaphysicos, ou l?º r ess~s aspectos, _em _que no~ parecem incompletos e erroneos. A plulosophia como a scienc1a particular que della depende não se forma e realisa, perfeita e acabada~ n'um único momento~ Elias seguem um progresso continuo, e cada sys– t ema pbilosophico representa um avanço elo conhecimento. Por isso, diz Hegel, si se admitte que todas as philosophias t êm sido refuta– das, pode-se com a mesma força de ra~ão sustentn.r que nenhuma foi refutada, nem poderá sel-o. «L'hisfoire de la philosophie, diz elle, pour ce qui concerne son contenu essentiel, ne roule pas sur le passé, mais sur l'éternel et l'absolument présent, et, en la considérant dans ses résultats, on ne doit pas se la répresentei- comme un tableau ou viennent se dérouler les erreurs de l'ésprit humain, ma-is plutôt comme un Pantheon de formes divines » ( 4 ). A esta ideia de Hegel nós podemos ajuntar que os syst emas metaphysicos contêm a explicação aos phenomenos segundo a capacidade realizada do espírito em dado momento da historia, ou da evolução do pensamento. E' a solução dos problema~, taes como se apresentam ao conhecimento em deter– minada époc~. Os problem~~ da sciencia, em geral, como productos do desenvolV1IDento do espmto correspondem ás suas necessidades e formam-se á medida que se opera esse desenvolvimento. São por– tanto, variaveis e é preciso consideral-os, t aes como surgem em' cada systhema, para fazer uma interpretação justa das doutrinas, que appa– recem _c?mo instan~es ~destr~ctiveis e signaes miliarios da evolução do espmto.-As scienc1as particulares seguem a condição da metaphy– sica e no desenvolvimento geral do conhecimento as ele relações mais simples encontram mais cedo uma corporificação; outras suraem em eras posteriores e soffrem um tardo crescimento. Os pontos de vista da philosophia revelam-se na sciencia particular ; similhantemente a concepção geral do universo, existente na consci.encia de cada indivi– du o, serve de norma para a interpretação dos phenomenos singulares. Ernesto Mach, o ~read~r de_uma theoria materialista pronunciada, a qual procura explicar b1olog1camente o conhecimento, admitte ideias (4) Logiq11e,-trad. Vera, vol. I, § LXXXVI, zusatz 2.

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