Revista do Ensino - v.1, n.1, 07 set 1911
, REVIS'f A DO ENSINO 5 se conclúe a lei, o papel da razão restringe-se á religação dos factos, mais sim,ples nas sciencias mathematicas, e, mais complexos, succes– sivamente, na Astronomia, na Physica, na Chimica, na Biologia, na Sociologia (2). A concepção de Aug. -Comte 1 1 eduz assim a philoso– J.,hia ás sciencias mathema ticà.s e physicas, em suas leis mais geraes (3). A concepção positivista ou empírica da scienf}ia conduz a gra– ves erros, de que não pode desvanecer-se. Sendo, segundo ella, a philosophia o mais alto conhecimento, e este apoiado na objectivi– dade, , ou no empirismo, mais que na razão, apparece a phisolophia logicamente como posterior á sciencia particulair. Toda a doutrina com– teana contém esta conclusão: a sciencia parte dos factos e somente em nossos clias foi possível a creação da philosophia positiva ; antes era a philosophia theologica, primeiro, e depois, metaphysica, 'especu– lações inuteis perante a sciencia. A erronia está ligada ás condivões fun– damentaes do positivismo, que o faz desconhecer a historia mesma da sciencia, em geral. Esta historia é a da formação e desenvolvimento do saber, em toda a amplitude; della deriva a ideia da unidade do pensamento, qt:e a rege, e qué faz ver que as sciencia particulares, as que figuram no agrupamento comteano, e outras, dependem immeclia– tamente da phisolophia, como consequencias. Na antiguidade, até ori.cle chegam os nossos dados, o pensador envolvia o sabern'um unico con– juncto, dominado pola concepção do mundo, ponto de partida insepa– ravel da ideia religiosa. Atr.avés do desenvolvimento da primitiva phi– losophia grega e dos systemas posteriores, até a modernidade, as sciencias formam-se recebendo mananciaes de sua constituição directa– mente da philosophia .'\'"'Não ha maior desvio da razão do que considerar a menaphysica um conjuncto de falsidades, ou serie de t entativas in– justificaves V'is-ci-vis da sciencia. Este ponto de vista com o ser a ne– gação formal do pensamento como productor da scienoia, deixa iuex– plicau.o historicamente o phenomeno do saber, e reduz todô o passa– elo intellectual a um tacteamento na sombra. Si a razão é productora do saber, esta propriedacle é substancial e deve ser-lhe constante; ou não ha motivo para acceita,rmos a doutrina positiva ela sciencia, como não ha para as theorias metaphysicas anteriores. Uma duvida eterna, (2) Aug. Comte previne-se contra o methodo que o levnria ao empirismo absoluto, mas elle e>.isto dominante em seu systhema, e a sun influencia, n'este sentido, é decisivn: cD'u• ne pnrt, nous avons oppliqué la maxime de Bacon. sur la nécessité do prendro les faits obser– vés pour base de toute spéculntion. D'autre pnrt, nous a vons ócorté les systemes qui ten– dent á reduil'o ln scienco 6 une nccumulation de faits incohéren~s. La science se compo• se de /ois et non de fnits, bien que ceux-ci soient indispensnbles á l'établissement et ã san– ction des !ois. L' esprit positive,snns méconnnitre la préponderance de ln renlité constntée ..• La Sociol.ogie, résu11lé par E. Rigolage, eh. XIII, pag. 421 {3) E' identica n doutrino de Spencer na determinação do papel da philosophia :• La phi– Josophie pent ancore servir de nom à ln connnissance de la plus hnute génernlité. La science slgnifie tont simplement la familie de sciences: elle n'est rien de plus que la somme de connnissnnces forméos pnr l'apport de chacune et ne nous dit rien de la coimais– sance que resulte de la fU,Sion de ces apporle on un tout.• Les Premiers P,·incipes, trad. Ca· zelles,, 2• pnrt. oh. 1, pnj?. 116.
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