Revista do Ensino - v.1, n.1, 07 set 1911
4 REVISTA DO ENSINO Esta tenrleucia marcada do pensamento pr.ovem directamente de Bacon cujo methodo domina as investigações contemporaneas. Ba– con não ~hegou a negar a existencifl, do espírito como elemento .ne– cessario á Sciencia, mas a apologia do methodo empírico, da pheno– menalidade exterior, foi tão intensa em sua obra, que nós vemos ela– Tamente a consequencia originaria ele seu pensamento . O. empirismo, segundo elle, .é a consideração de preferencia dada ás cousas, em lo– gar de ser deferida ao espírito. A sua concepção tinha por effeito tornar de nenhum valor os conhecimentos dependentes do espírito , que se esva.iam quando confrontados com a realidade. A natureza era a fonte inexplorada e inexgotavel da sciencia: « Comment surtout ne pas dêdaigner l'esprit, cet ancien domaine si longtemps et si inu– tiléme11t fouillê, pour explorer celui qui s 'êtendait comme un sol vi– erge á perte de vue devant le regard du savant '? 1 » Dahl a concepcão logica se prender ao empirismo de molde a esquecer-se e a annulla r-se o papel da razão; o exclusivismo do me– thodo torna a tenclencia experimental absoluta. As vistas de Bacon acarretam a separação dos dois rarr.os do conheci-ruento ; este prejuízo mostrn, desde logo, a erronia do methotlo. Tanto a ph.ilosophia como as sciencias particulares são productos da razão ; a communidade de origem a.s confunde. O empirismo não existe por si mesmo, não é possivel concebei-o independentemente do espirito. Para definil-o com justeza nós diremos que elle é a verificação de um conhecimento. . O empirismo consiste apenas na attonção ao phenomeno, ou se dê ' elle expontanea.mente, ou sej a pro, ocado; de modo que elle é occa– siãn pn..ra Yerificação do conhecimento. Grave desnorteamento é pen• sar qae Q empirismo é independente de um conhecimento anterior· elle segue semprP, o conhecimento e não o antecede; é uma condiçã~ do conhecimento, mas não o conhecimento. Conscientemente ou não as cousequencias da moderna e vulgarisada concepção re\·elam-s~ na apologia, que lhes tecem os scientistas, glosadores de Bacon e no ahandono si_mul_taneo .a que releg~~ a especulação pbilosophi~a. Para elles a sc10_n~ia atti_n~e. a e~act1dao e a cer_teza e a philosophia reduz-se a o dom1ruo do fict1c10. E a phenomenalidade exterior como f~nte fec1:n cla da scie!1cia, e o_espírito co~~ séde de. vã imagina– çao . . . Nos devemos ver na ra,1ao a fonte umca da Sciencia · ella é que descobre as relações dos phenoroenos, e os define; a n~tureza submette-se á syntheze do espirito, á realidade das ideias domi– nadoras do universo. A par e coroo derivante da adopção do empirismo absoluto sur– ge a concepção positiva ela philosophia, a qual é tida como a ex– pressão mais geral da sciencia. A definição positiva é ambígua mas é esclarecida por outras ideias que a limitam. Os principios da philo– sophia exprimem a mai'R nlta gener::tlidade da sciencia, mas como 0 lado predominante do methodo scientifico é a objectividade das ccu– sas, ou, o que é o mesmo, o facto, de cuja observação systematica • 1 Ch. Adam-La Philosophie de François Bacon § 2. png. 55
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