Revista da Sociedade de Estudos Paraenses Jul - Dez. 1895
" 17 J Os portuguezcs domin:ll'am scmpt·c nessas t·eg-iücs. Em 179-:l: livc1·am até na f'óz do Oyapoc uma esquadrilha de cinco barcos guarnecidos de arlilhariar cms:rndo os mares enl re esse rio e o Cabo do Nol'l.e, p:ua impedir o ingresso tlos franc:ezes e de quaes– quer outros cstrangeirns que tcnlas;;em estabelecet-se naquella:; terras, e graçns á esta providencia fi zernm sempre respeitar o sen direito territorial. (J) A França cntrelanlo nfto cncobl'ia os seus planos de conquista: queria a todo lrnnsc alongar o l.errilorio de Cayena até o Amazonns. e neste proposilo não perdia ensejo de fazet· vingar a ideia qnL' afagava. Aproveitando as occasiões propicias, empenhava-se 1,u cslender os limites da sua possessão-ora ao rio Calçoene, situarlo acima do Cabo do Norte dois gráos e meio de latitude septentrio– nal, (2)-ora ao rio Araguary abaixo d'aquelle Cabo um g-r.io e meio ele latitude lambem seplentrional, (a)- ora ao rio Carapana– lúba que se lança no Amazonas cerca de um terço de gráo do Equador, latitude ainda septenlrional, acima do forte de Maca– pá, (4)-ora emfim á qualquer outro ponto que approximasse-a o mais possível elo Amazonas! E para fundamentar trio desusadas prelenções, dizia--:-que o Ovapoc niw era o mesmo rio conhecido pelo nôme de Vicente Pinson, porém oulro dilferenle que, em vez de desaguar no oceano, junlo ao Cabo de Orange como se supponha, desaguava no Amazo– nas ! Sustentava umas vezes-que o Oyapoc de que fallava o trata– do de Utrecht era o Calçoenc; outras vezes que era o Araguary ! ·Houve alé quem julgasse ser um rio que cortava a ilha de l\laraj ó ! Estas e oult·as inrençõcs não passavalll ele grosseiros sophismas de que soccorriam-se os invasores das terras portuguezas. Para coho– neslat· os seus aclos de usurpaç».o todos os meios lhes serviam, fossem embora fuleis e inisorios. Succedeu porém que cm 1808 Portugal declarasse guerra á França, offcrecendo-se-lhe enlão ensejo para reivinclicar os seus direitos no Brar.il. O governaclot·, do Pará, capitao-general José Narciso de Maga.~ lhnes ou por propl'ia inspiração ou por ordem da metropole, or– (Yanisára um co rpo de volunlari os paraenses de seiscentos homens, ~ em Novembro elo mesmo anno fizera-o partir de Belém contra C:ayena sob o commando elo coronel M::inoel Marqncs rl'Elrns Por- (1) Baean-.L:'ras Pammscs, pag. 356. (2) Triltado de 10 de Agosto de 179i· (3) Tratado de 6 de Junho de 1801. (4) Tratado de 29 de Setembro ele 1801.
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