Revista da Sociedade de Estudos Paraenses Jul - Dez. 1895

149 esqueceu os agg1:avos, moslrou-s_e generos? com os. seus propl'ios desaffectos, e assim poude conqmstar a esbma quas1 geral dos mo– radores. • Satisfeito d 'esle bom resultado, o governador geral veiu de novO' visitar a cap itanía do Pará em Maio de 1636. E quando mais se interessava pelos negocios da colonia, foi atacado de grave en– fermidade que o levou á Cametá para convalecer, descançando a li' Llas fadigas do seu cargo. Acompanhára-o na viagem o seu filho, clonatario d 'acg iellas terras. Essa povoação já linha sido, desde De– zembro do anno anterior, elevada á calhegoria de- Villa Viçosa ele Santa Cruz de Cametá- e passava por ter bom clima e excellen les banhos nas aguas crystalinas do Tocantins . Nada porém aprovei– tou ao illustre enfermo. Francisco de Carvalho falleceu cn1 15 de Setembro ele 1636, e seu cadavc1· foi sepu ltado 11a capella-mór da matriz, dedicada á São João Baplista. • Nem todos os moradores respeitaram a memoria do finado. • Uns por ingrntidãü e maldalle, outros por i11Yeja e despeito, nega– ram-lhe serviços aliás relev.antes, e desfigurando inteiramente os seus actos, não lhe renderam as homenagens que merecia. O seu filho julgou-se fraco na lucla desenfreada com os facciosos, e com medo de qualquer desacato, r etirou-se em Outubro para Portugal com escala por Caracas. Não havia no Pará, nem no Maranhão s ubstituto nomeado que podesse legalmente succeder ao finado no governo geral da capilanía. Tinha sido uma fa lta grave que não deixaria ele produzir fu– nestos resultados nas colonias. A metropole, crh:rndo as capitanías e estados, devia ter dado logo s ubslilutos aos fu»ccionarios que nomeasse. Este aclo de p revidencia leria coarclado o arbítrio dos ambiciosos, que sabem aptoveitar--se de qualquer omissão ou lacu– na da lei para satisfazer vaidades e int.eresses pessoues, muilas vezes acober·lados com o manto de simulado patriotismo. Antonio Portilho, sahindo á pressa de Camelá onde então. se achava levou á São Luiz a triste noticia do fallecimento de Fran– cisco d~ Carvalho comrnunicando-a, ao desembarcar, á Jacome ele Noronha que ainda erà o provedor-mór ela fazei:da real e conserva– va o mensageiro como seu empregado. Prevenido por este, r eso l– veu elle desde Jon·o preencher o lugar vago, fazendo-se ef Pger ali pela camara municipal. E assim aconteceu. Vencida a resistencia de Antonio ele Albuquerque que º. go~.ernador deixár~ encarregado da capitanía durante a sua auzencia, fora de facto eletl.o, e em 9 de Outubr o de 1636 lomára posse solemne do governo do Estado, . sem prejuízo da provedoria c~a fazenda,. que de ha muito exercia. Doze rlias depois, o capitão Frn.ncisco de Azevedo chegava á

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