Revista da Sociedade de Estudos Paraenses Jan - Jun. 1895

33 . . E 1:esgatar queria clizer,- comprm· e reduzir ~i escravidi'io os lll'JS10~1en~os de guc1Tíl. E a gu~rm era promovida e auxiliada pelos prnprios interessados, qne n'isso especulavam e faziam rendosas ll'ansacções, mediante riclicu las quinquilharias. i\Initos individuas que tinham navios navegando de umas pam outrns capitanías sal~ teavam e roubavam as aldeias elos inclios mansos, ou os allrnJ 1 iam para bordo, lá uprisionavnm-n 'os e dnpois inm venclel-os n'outrns lognres . Os governadores eram por sua vez aucto1·izaclos n incendiai· e rl eslrnir ~s aldeias inclicn~lns como inimiga_s P?los homens praticas elas local,dncles,-a cnpl,rnr e mata r os 1nd1os reca lcitrantes -a render á rnssallagcm os que nào quizcssen1 sujcilal'-se a dar n~an– Li111entos ás coloni:1s e a f.1zc1· outros srJ·viços que lhes fossem in,– poslos. E os tnes homens praticos eram de orclinm·io os mais em– pnnhados e111 s imillrnnlcs aclos de p1·cpotencia e iniquidades. N'estas condições el e r.ons ll'angimcuto e cr~1czns. o que se po– dia razoavelmente cspcrnl' dos selvagens-lolh1dos cm s uas libei·– clades,-espoliados e111 seus di_1·cilos,_:_sujeitos á um rcgimen cles– potico da ma is ferrenha tyrnnia? Ha quem os despoje doH meios natm·ae 8 de def'cza e os condemne ii revelia como entes dcspresi– veis, sem brios, nem senl.i111enlos do dever! Ni\o importa. Sejamos nós seus defensores, embol'a tenhamos de arros ln1· preconceitos e opiniões auctorizadas. Digamos porém ?ºm frnntJ neza :-clcfcndcnc)o-os como pre– tendemos, não encolmremos os seus er1·.os e defeitos, que os tive– mm muitos e abominavci,;., Nrt0 negaremos que lambem elles uma vez ou outra fornm algozes dos conquista~orcs, supposta a ausencia absoluta de provocnçõcs ela pal'LC d'estes. I-fouve lribus de reco– nhecida f'erociclmle, 111::is força é confcssa r,-rarn era o caso de offenderem sem um motivo qualquer qne os estimulasse, motivo quasi sempre nnscido cln má fé elos seus npregoaclos civilizadores. A historia co lonial assim o dC'monslrn cm lodo o continente americano. Entrc~1nto, fossem ou n:10 instigados, não hajn desculpa para os netos de selvagc1·ia, praticados pelos nossos aborigenes ; mas nada rl'isso sirva para justificar as crueldades dos conquistadores contra esses miseros, mergullrndos nas lrevas ela mais profunda ignprancia, cleYcndo a sna rudez e br~t~l!clarle merecer antes a compaixão do que a colera cios homens c1vil1zados . No Brazil os nalumcs nuncn fornm trnlaclos como deviam sei-o. Em vez de allrnhiclos, f'oram afugentados para o centro das malas, com justo r eceio dos torrn_enlos á que o_s sujeitavam os con– quis tadores. Reduzirlos á cscrnv1clào, perseguidos e martyrizados,

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