Revista da Sociedade de Estudos Paraenses jan - jun. 1894
I 11 ás vezes muilo lentas, cu ia tomando de mcmol'ia algumas notas sobre a sua pessoa . E' homem de 75 ann os, segundo parecê: estatura um pouco inferior á mediana, corpo proporcional ,,í altma; cabcllo corrirlo, ainda quas i todo preto, barba pouca, feita de poucos dias e toda branca; cabeça approximando-sc ao 1.ypo pyramiclal, testa pequena e inclinando-se para traz, arcadas supcrcilü:1rcs grossas e salien– tes, rosto oblongo e maçãs não salientes, olhos l1orizonlacs e me– dianos, nariz arqueado, quas i aquilino, com :izas largas, orelhas largas, bocca rcgul:tr, queixo cnrlo ou l'el,rahido; côr c11preo-bron– zeacla, mas desbotada pela ocladc e um tanto haça on pallirla,– accidcntc que é devido ás febras intcrmíttcnles, e que se manifesta ordinariamente no P ará, em homens de lorlas as raças, accommct– lidos por essa moleslia. Anselmo anda sempre de~calço. apoiando-se cm uma pequena vara ; veste-se do modo o mais simples possivcl (camisa e calça); é casado e lcm filhos. Não sabe ler nem escrever ; e sua capacidade intellectual parece muito limil.arla. . Não obs tan te esta ultima circums lancii) indil"idual, como cm Marajá não ha mcclicos, Anselmo é o Doutor e sohrctndo o P<i,·– tci,·o, a quem recorrem as fami lias analphabcticDs que precisam de seus soccorros: mas, além ele não r cccbcl" rlinl1ciro de ningucm, as suas prescripçõcs thcrapeulicas srw exLrcmamcntc simples; cllas cons is tem na applicaç~o de algnmas hervas innoccntcs, e sobre– tudo em benze;· os doentes e o ventre das p:u-1.urientcs, r ecitando o Dontor ao mesmo tempo uma oração cm ºgil'ia nruan que o paciente não entende e que, por isso mesmo. lhe inspira uma con– fiança e fé a loda a prova. O aspecto vulgar elo velho Arfsclmo e seu caracter mornl não condizem com a ·figurn imponente e orgulhosa allivc;., do antigo Cariba do Orcnoco, is to é, das províncias Orientaes e Anstraes de Venezuclla; rnas csla ditfore_nça nada significa, pois qnc-alérn ele não ser poss ível julgar de um povo ou nação por um só dos seus mernbros:-principalmcnle quando eslc se approxima á dccrcpi– ludr,-ningucm ignorn as profundas modificações por que têm passado os povos :::mcr icanos desde ~[UC se acharam cm contacto forçado com os conr1uis tadorcs e uropcu_s,_ que nada 1~1ais e nada menos fizeram elo que enxertar-lhes os v1c1cs que ti:az1am ele so– bejo em troco da liberdade ele que os privaram. • 'Não devo entrar aqui nos dorninios da Historia, e, pois, termi– narei esta parte, com a scgninte obsNvaçrw que a justiça e a YN– dadc exigem: I •
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