Revista da Sociedade de Estudos Paraenses jan - jun. 1894
10 Posla á minha d isposiçM uma casa que estes wcus honeaclos e bons amigos tinham a lli desoccupada, noita compareceu o velho Anselmo. Conversamos um pouco; de pois começamos a nossa ta refa pai-a a qua l mostrava cllc a melhor disposiç,to. Por uma lista de pa lavras d 'an lcms.o escolhidas e rPgislrada,; cm uma cade rneta, fazia-lhe eu as perguntas cm porlugucz e escre– via cm seguida as suas respos tas em Arnan. Anselmo respondia, ora pl'Omptamenle, ora com ma.is o u menos-, tlcmo ra; m uitas vezes, porém, de pois de um Yirn esforço, cm que sua boa vontade el e acerta r com a pala na en lra rn cm lucla com a fraqueza ele sua memot·ia, exclamam: 11HíJ .' ... Jú esqueci!.._,, O calor c1·a fot'lissimo, e o bon1 Anselmo, luvado de suor, mos– trava-se conlrariaclo por não satisf::izc r á mui tas das minhas por– guntas; mas cu q ue ti nha o ma iot· inlorcsse em ni\o fa ligal-o e clis– punha de um pi-aso de 30 horas, no Afuá,- cl izia-lltc q ue fosse descansa r em casa e Yollasse á Larcle ou na manhã segu inte, e e llc assim fazia . · A rlcspeilo da boa rnnlade elo responclenlc, nílo pnclc collcc– cionar sinão 224 palavras e phrascs, e isso rn c~mo com grande rlifllculclacle, por !!slar Anselmo, a l{>m ele baslanlc velho, mui to esquecido da s ua língua, 11 na q ua l, d isse-me elle pezaroso, ha m tlilos annos não lenho lido c:om 4uem f,1llar." Eu u i'to havia recuado dianle tlns despezas das duas viagens á vapor· que Livc de fazer e nem fa.llou-mc paciencirt bastanto para a lcançar o q ue- queria. Em presença das c:irc: un1slancias mencio– narlas, o resu ltado cleslas diligencias não foi. nem pod ia ser tilO salisfaclorio como eu espc raYa: mas nem por i,;so deixa ollc de ler, s i não me engàno, nm me 1"eci1 nenlo rela livo. sobrctuclo si nos r ecorda rmos de q ue ?1C"io e.t'Í.~l,• vocabulal'io algum nem bom nem mau, ela língua dos Arunns (1). N collccçuo dns 200 palavras e phmses qne ohli\"c dou o n ome de fi.qfa, por não merecer o lilulo de i·oeub11lario de ·que ta nto, aliüs, se tem ahusrtdo. 8111(111anlo inlcr rogava :i .\ nsclmo e ngnanlant suas respostas, (1) D'umn carta do l'ro"incial elos Frades Frnnci,canos do Pará, dirigida no rei D , João V, consta que um dos primeiros monges desta 01rlcm_ f~nna~n, hn 200 m100~, um vocnbul11rio da lingun dos ,\ruans, dos quacs clles crmn 1f1,,1onanos, 1r:is este docu– mento que nunca se imprimiu, póde-se contar como perdido, pois não se sabe mesmo qual o lugar ou archivo cm qu! oé possa procurai-o. i'\ . do A .
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0