Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953

~ - . . - - L REV~:,{ - DA -ACADEM!A: - PARAENSE- UE LETRA-e ·· - - ·- --W-- "·SANTA Além soluça um violão, na rua ... ._A sedutora e bela Margarida, . Nos meus braços repoisa, adormecida, Formosa, tentadora, branca e nua ! Da cética planura, a meiga lua. Espia e beija a cal'nação fornida Dêsse corpo gentil, cheio de vida, Cheio de sangue, e que, l'epreso, estua ! . . . , Ao contemplá-la, adormecida e calma, Pal'ece que o silencio fala e canta, Que a solidão tem bôca e a flôr tem alma !" ......... .... . ' ......... .... ............ . .. ·,• ........... . "HETAIRA Os seios virginais da .côr do arminho Assomam pelo rasgo do decote Do seu ·roupão de seda chamalote Como dois pombos juntos sôbre um ~inho. Mãos que de rosa um cálice ocultára, Braços roliços, rijos e nervosos, Opulentos quadris volutuosos, Pés que chineza aos vê-los invejá ra. Eis a divina perola do escandalo ! Quando ela passa, de cabelo solto, Onde fulguram cintilâncias douro, E rola o aroma estonteante do sandalo, Sinto no sangue, em borbotões revolto, Tôda a volúpia bestial dum touro !" Influência e assimilação de Maranhão S~brinho, Hermeto ~ima, B. Lopes acentuam-se. por vezes, em "Musa Boêmia". Baudelaire e H_ugo,. recorando modêlos para os poetas que alvoreciam co1' o nosso se~ul?, C? peca~o e a carne, gozos brutais animalizados fixavam-s 7, como prmc1pais motivos, na mente dos aêdos e literatos. Nativ'idade Lima se– guiu na esteira : "MILAGRE Hora de calma. No coxim vermelho Do leito, Elisa, atenta na leitura De um livro de Zola, a formosura Da pema <leixa ver até o joelho. O nazareno martir do Calvário ... Fronteiro ao leito, em rico santuál'io ; E sôbre um lenho doiro marchetado, Pende de·cravos de marfim lavl'ado

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