Revista da Academia Paraense de Letras Agosto 1953
.. REV;JSTA DA ACADEMIA · P.ARAENSE ·DE LETRAS De s11::i riumeros::i prodncão noética ::irrebatada à dispersão e ao f'fêrnPro ê,rHn dn 'iornP.l. rnr,r;itenad,;is em livro. sobrevivem os poemas ele "Musa Ro{.>mia". persona líssimos "? inspirados, sem embargo dos tons acentuad::imente parn::isianos, do plasticismo realista, dos versos de amor castro::ivinos e bilaqueanos. Lapidados em requintes de arte, porefantes, sobretudo d.e calôr viril. de mocidade. de arrebatamerttos vol11ntários, tressuando brasilei– rismo.--a viae:em q\.1e se faz atrnvPs dêsc;e livro nos deixa entontecidos ante as bôcal'- ou" se unem, os idílios singelos, as confidências. apaixo– nadas; nue em todo êle se nos deparam A0 fim dessa di1ressão espiritual vê-se que Natividade Lima não che1tou à rnaturacão das suas formosas faculdades intelectuais, não pou<ie ;itin~ir ::i idade da reflexão filosófica, ·da serenidade na imagi– na.-:ão. elo rE"'olhimPnto retrospPctivo. Firo11 na Mulher, no Amor par– tilhado. n::i. Vida dos riganos da inteligência. Não lhe sobrou lazerPs P"ra !':e <'nttegar a um h11manismo construtivo, para buscar a felicidade fóra dos hraços de suas deusas. Tôcla a paisagem subie tiva do "Musa Boêmia" é circunscrita à visi'io da Eterna Eleita, da única Dese;ada, que o leva "num turbilhão rle brac-os e de seios" aos oaraisos de Cithera. O se11 ranto de felicidade i> francam<'nte p::igão, orientalesco, doentiamente bíblico. O corpo de Eva 'Pentadora. da curva dos seios nús às ·anca geométricas, do ventre resval::idio aos tornozelos nervosos, é sua fascina_ção. . . Vez em quando, num efeito de moldura. como um volver de olhos a Natureza, repontam estrófes alegóricas, ardências de sol merídio, árvo– res umbrosas, luas convida tivas, florações de astros cintilantes, ondas languescendo nas praias. · Nêst.e meio debuxo panteista é que se acentua a influência Ju.., xuriante do poeta da "Tentação de Xefi.ocrates" em harmonia com o temperamento sibarita do bardo, que não esconde esta afinação emo– cional. na ofer enda de sua obra ao mestre prelideto: - "A memória do primeiro Poêta da moderna 2:eracão b rasileira - Olavo Bilac - consa- gra o Autor". - · Vejamos agora o esmero da lingua_gem, a construção do verso, a similitude esteticamente sensualista com Bilac, tendendo para Raimun– do Corrêa e Cruz e Souza, uma das características da poesia de Nativi– dade. "SEIOS DE JUDIA Carne cheirosa, carne tentaclora, Essa dos seios virginais de Sára : -Alvos blocos de mármore Carrara, Ungidos na sanguínea luz da aurora. Exuberantes, túrgidos, nervosos, :tsses pomos divinos e rosados Parecem, quando os vejo desnudaclos, Pombos dormindo sôbre um mar tle gozos ! Fosse a vida uma intérmina alvorada, Uma lúcida aurora ele alegria, Livre de crimes, livre de receios : Trocara tôd~ essa ilusão doirada, Trocara tud , se pudesse, um dia, Beijar a popa dêss~ alvos seios",
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